Apesar de afirmar a interlocutores que manterá o apoio ao ex-ministro da Justiça e Segurança Pública André Mendonça, para a 11ª cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro deu a entender, ontem, que segue rumo a um plano B e que cogitaria outro nome para a vaga. Isso porque, durante a cerimônia de lançamento do Projeto Pró-Águas Urucuia, em Arinos (MG), ele disse que, caso o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes fosse o indicado para substituir o ministro aposentado Marco Aurélio Mello, votaria contra o novo marco temporal de demarcação de terras indígenas — que está em discussão na Corte.
“Tenho certeza que se o Augusto Nardes fosse ministro do STF, ele votaria contra o novo marco temporal que está em discussão no momento, naquela Corte maior do nosso país”, disse.
Bolsonaro acrescentou que Nardes “é um exemplo para todos nós. Ele é ministro do TCU, mas, também, um produtor rural e, como tal, se preocupa com a preservação e com o futuro do seu país”.
Momentos antes, Nardes também elogiou o presidente pelos atos de 7 de Setembro. “Eu não estou aqui como ministro. Estou aqui como produtor rural, mas o ato do 7 de Setembro, com mais de 30 milhões de brasileiros, mostrou a sua liderança”, disse, voltando-se para o presidente.
A insinuação de que Bolsonaro pode largar pelo caminho a indicação de Mendonça ocorre no momento em que crescem às resistências ao nome do ex-ministro para a cadeira no STF. Mas, apesar da fritura, auxiliares afirmam que o presidente o apoiará até o fim, em nome de manter a paz com a ala evangélica — cuja aprovação no segmento, segundo o mais recente Datafolha, caiu para 29% entre aqueles que avaliam o desempenho de Bolsonaro como ótimo ou bom, depois de já ter sido de 40% em janeiro.
Na necessidade de um plano B, Augusto Aras, recém-reconduzido à Procuradoria-Geral da República (PGR), também é visto como um que tem chances de ser indicado pelo presidente. Outro bem cotado é o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, que conta com o apoio do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
O STF está há mais de dois meses com apenas 10 ministros e esse é o maior tempo que uma indicação à cadeira na Corte espera pela sabatina — que segue sem previsão. Por conta disso, os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) entraram, no último dia 16, com um mandado de segurança no Supremo para que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (DEM-AP), convoque a sessão que avaliará o nome de André Mendonça.