Se o segundo turno das eleições para a cadeira de chefe do Executivo fosse decidido nesta sexta-feira (17/9), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria o novo presidente da República, com 56% dos votos. É o que mostra nova pesquisa do Instituto Datafolha, feita entre esta segunda e quarta-feira (13 e 15/9), que ouviu 3.667 eleitores em 190 cidades. Bolsonaro (sem partido) representa 31% das intenções de voto.
O estudo revela que, mesmo com a inserção de nomes da chamada “terceira via”, o cenário permanece com o ex-presidente em vantagem.
Os dados mostram que, desde julho, o cenário permanece estável. Ou seja, a corrida eleitoral sofre uma dormência em que nem Lula está mais em um momento de subida, nem Bolsonaro está no caminho contrário.
A falta de engajamento dos brasileiros aos novos rostos inseridos na pesquisa mostra que Lula e Bolsonaro podem ser os protagonistas das eleições, sem espaço para uma terceira via. Isso porque, no primeiro turno, Lula sai em primeiro lugar (46%) e Bolsonaro vem atrás (25%); seguido por Ciro Gomes (PDT), com 8%, e João Doria (SP), com 4%.
Nem Datena, nem Pacheco
Os nomes ventilados pelo Centrão e opositores do petista e do chefe do Executivo também não mudam o cenário desenhado para 2022. Para disputar com os quatro presidenciáveis declarados - Lula, Bolsonaro, Ciro e Doria - no primeiro turno, o Datafolha inseriu cinco nomes no levantamento e o resultado foi decepcionante para uma terceira via.
O apresentador José Luiz Datena, recém filiado ao PSL, obteve a mesma margem de Doria, 4%; já a senadora Simone Tebet (MDB), que ganhou popularidade pelo trabalho na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, conquistou 2% das intenções de voto dos entrevistados. O colega, e presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM), aparece como preferência de 1% dos brasileiros, assim como o ex-ministro Aldo Rebelo (sem partido).
Por fim, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), oficializado como pré-candidato à Presidência pelo partido, na última sexta-feira (10/9), não pontuou.
Perfil dos eleitores de Lula e Bolsonaro
O ex-presidente Lula tem o apoio dos mais pobres, de até 34 pontos acima de Bolsonaro; dos menos escolarizados (31 pontos); dos jovens (29 pontos) e de mulheres (25 pontos).
O atual chefe do Executivo, por sua vez, mostra que é preferido pelos mais ricos, em uma vantagem de 42% a 23% de Lula. Apesar da crescente rejeição de evangélicos, Bolsonaro ainda é preferido com 36% dos votos.
Para conseguir a vitória, uma estratégia é conversar com os extremos que os rejeitam. Lula já afirmou, nas redes sociais, que o objetivo dele é conversar com todos os núcleos da sociedade, inclusive com mais ricos e evangélicos.
Enquanto isso, o atual presidente busca agradar os apoiadores de Lula. A nova estratégia bolsonarista é aumentar o valor do Bolsa Família, em uma nova edição do programa que foi criado por Lula em 2004, e que ainda está em discussão. Nesta quinta-feira (16/9), o presidente editou decreto que aumenta o Imposto sobre operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) para financiar uma ampliação do Auxílio Brasil (nova nomenclatura para o Bolsa Família), até o fim do ano. Com maior lucro, o auxílio poderá aceitar mais beneficiários.
Rejeição de Bolsonaro segue em alta
A pesquisa mostra que 59% dos entrevistados não votariam de forma alguma em Bolsonaro em 2022. É a maior rejeição entre os nomes inseridos na pesquisa. Lula segue como segundo candidato com maior negativa (38%) e Doria é o terceiro (37%).