A decisão do Ministério da Saúde de suspender a vacinação contra a covid-19 para adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades partiu do presidente Jair Bolsonaro.
Em live nas redes sociais na noite desta quinta-feira (16/9) com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o chefe do Executivo revelou que orientou a pasta a rever a permissão para que esse público seja imunizado.
Segundo Queiroga, a Secretaria de Enfrentamento à Covid-19 do ministério emitiu uma nota técnica para retirar os adolescentes sem comorbidades do público-alvo da vacinação após a ordem do presidente.
"O senhor tem conversado comigo sobre esse tema e nós fizemos uma revisão detalhada no banco de dados do DataSUS", comentou o ministro. "A minha conversa com o Queiroga não é uma imposição. Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento", completou Bolsonaro.
O presidente e o ministro culparam governadores e prefeitos por não seguirem o Plano Nacional de Imunização (PNI) e desrespeitarem o cronograma do Executivo para a vacinação contra a covid-19. Segundo eles, o governo federal só autorizou que adolescentes entre 12 e 17 anos com comorbidades fossem vacinados.
"É nisso que se transformou o Brasil quando se deu amplos poderes para governadores e prefeitos gerir essa questão. Se fosse por parte do governo federal, apenas teríamos uma determinação e estaria tudo resolvido. Se tivermos efeitos colaterais graves, quero saber quem vai se responsabilizar. Nós aqui estamos fazendo a coisa certa", ponderou Bolsonaro.
Anvisa
Estados e municípios se basearam em uma norma da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para imunizar pessoas entre 12 e 17 anos sem comorbidades, que recomendou a utilização da vacina Pfizer a pessoas nessa faixa etária.
Queiroga, contudo, disse que o Ministério da Saúde não é obrigado a seguir essa recomendação. Além disso, ele reclamou que em alguns locais do país outras vacinas que não a Pfizer estão sendo distribuídas a esses adolescentes.
"A OMS (Organização Mundial da Saúde) se manifesta que devamos ampliar a cobertura vacinal naqueles mais vulneráveis. Então, adolescentes têm risco menor. É necessário que se cumpra e siga as recomendações do PNI do Ministério da Saúde. Não podemos aceitar uma Torre de Babel da vacina. Aos 5.570 secretários municipais de Saúde, sigam o PNI. Depois não reclamem de falta de dose, porque não falta", disse o ministro.
Apesar de a agência ter emitido um comunicado nesta quinta afirmando que "não existem evidências que subsidiem ou demandem" a interrupção da vacinação entre jovens de 12 e 17 anos, Queiroga afirmou que o governo federal continuará contra a imunização em larga escala para esse público. "Mães, não deixem seus filhos sem comorbidades se vacinarem porque ainda são necessárias mais evidências para consolidar essa indicação", destacou.