O empresário Marcos Tolentino negou em depoimento, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, desta terça-feira (14/9), qualquer sociedade com o FIB Bank e seus acionistas, MB Guassu Administradora de Bens Próprios e Pico do Juazeiro — empresa na qual consta, em registros, o nome do próprio Tolentino como procurador. Munido de habeas corpus, concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ao ser questionado pelos senadores sobre detalhes da sua relação com as empresas, ele escolheu permanecer em silêncio.
“Eu, Marcos Tolentino, afirmo que não possuo qualquer participação na sociedade, não sou sócio da empresa como veiculado por algumas matérias”, disse. A testemunha é apontada pela comissão como sendo sócio oculto do FIB Bank. A informação foi confirmada no depoimento do presidente da empresa, Roberto Pereira, retificado por um trecho exibido no inquérito de hoje, a pedido do relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
Os senadores discutiram e questionaram o depoente sobre o tipo de poder que a procuração oferece a Tolentino para responder pelo FIB Bank – já que o documento dá a liberdade ao advogado de para abrir e movimentar contas da empresa sem prestar contas, em caráter retratável e irrevogável, de acordo com reportagem do site O Tempo. “Não existe no Poder brasileiro uma procuração que dê direitos de poder irreversíveis e absolutos de fazer e comprar, o que caracteriza que a pessoa passa a ser proprietária”, pontua Simone Tebet (MDB-MS).
Renan Calheiros lembrou que Roberto Ferreira se comprometeu a enviar a procuração à comissão. Mas, posteriormente, o presidente do FIB Bank informou em um e-mail que a procuração não existia. “Outra contradição evidente que se mostra como uma tentativa de acobertar todos esses fatos”, declara o relator. Ao ser questionado sobre o nível de proximidade com Roberto Ferreira, o depoente permaneceu em silêncio, dizendo apenas que o conheceu por meio da Benetti e Associados — outra empresa ligada a Tolentino que está na mira da CPI.
Relação comprovada
Após as declarações, a senadora Simone aproveitou o ensejo para comentar sobre uma denúncia que recebeu, de fonte oculta, sobre uma série de documentos, datados em 2009, que comprovam a relação de Tolentino com donos da fazenda Pico do Juazeiro. “O Tolentino propôs à dona da fazenda Pico do Juazeiro — que é a Sabe Administradora de Bens — pagar os impostos dessa fazenda e ter grande parte de cotas da sociedade dessa fazenda, no ano em que houve a sociedade com o Benetti [e Associados]. A série de documentos coloca, inclusive, a questão da obrigação contratual, da obrigação como advogado que ele era representante, inclusive”.
Ainda, de acordo com a parlamentar, houve “tentativa de cancelar o registo de contrato social. Tem uma movimentação, em 2021, na qual a Sabe ajuizou ação declaratória para cancelamento das autorizações contratuais das três fazendas integralizando como patrimônio do FIB Bank”.