Depois de seis dias acampados na Esplanada dos Ministérios, manifestantes e caminhoneiros que vieram a Brasília dar apoio aos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro foram retirados, ontem, do local pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). As autoridades negociavam a liberação das vias que dão acesso à Praça dos Três Poderes, desde o fim das manifestações, mas receberam um ultimato para que saíssem ou seriam removidos.
Ainda assim, eles tentaram resistir e a polícia teve de agir com energia, o que gerou reclamações de que estavam sendo enxotados. O grupo afirmava que tinha autorização para ficar no local até dia 20, versão que foi contestada pela PMDF, que deixou claro ser ilegal a ocupação. O Correio presenciou o momento em que um homem foi detido, mas liberado logo em seguida. Ele estava exaltado e se recusava a deixar a Esplanada (acione o QR Code para ver o vídeo).
O grupo havia furado um bloqueio da PMDF na noite de segunda-feira e afirmava que não deixaria a área. “O pessoal da organização nos informou que temos autorização para ficar aqui até o dia 20 de setembro. Essa é uma ocupação legal, é nossa terra, do povo brasileiro”, disse uma manifestante pró-governo que não quis se identificar.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, 13 grupos foram cadastrados pelo Núcleo de Atividades Especiais, da SSP/DF. A pasta disse que o policiamento no local permanece reforçado para garantir a segurança de todos que circulam na região.
Segundo a secretaria, havia um acordo para que o grupo deixasse o local. Mas, no final da tarde de quinta-feira, o ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou um pedido de habeas corpus feito pelos manifestantes, no qual solicitavam que a Corte proibisse o governo do DF de usar forças policiais para retirá-los. Os manifestantes chegaram a citar no documento algumas das pautas que marcaram os atos antidemocráticos — entre elas o pedido de impeachment de ministros do STF e o voto impresso, já derrubado pelo Congresso Nacional.
O grupo, inclusive, teve uma reunião com Bolsonaro na tarde de quinta-feira e vinha afirmando que não deixaria a Esplanada enquanto não conseguisse uma audiência com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Eles queriam o encontro com o parlamentar para cobrar dele o impeachment de integrantes do Supremo Tribunal Federal — dias atrás, ele devolveu o remetido pelo presidente da República contra o ministro Luís Roberto Barroso.
Transtornos
A via de acesso aos ministérios e aos prédios do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto havia sido fechada na noite de domingo, para os atos do feriado da última terça-feira. O esquema de segurança do GDF não permitia a entrada de veículos no local e atrapalhou quem precisava trabalhar na região.
A servidora Nathaly Fernandes, 28 anos, teve que deixar o carro estacionado próximo à Rodoviária do Plano Piloto e ir caminhando até o trabalho, no final da Esplanada. Ela conta que, além do desgaste físico, ainda se sentiu ameaçada pelos manifestantes. “Tive que me policiar todos esses dias. Tinha medo até mesmo por conta da cor da roupa que estava usando. As manifestações estavam marcadas apenas para o feriado. Estamos em dia útil e precisamos trabalhar”, reclamou.
* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi