O presidente Jair Bolsonaro repetiu justificativas a apoiadores nesta sexta-feira (10/9) após nota de recuo publicada ontem na qual afirmou que as ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram feitas no "calor do momento". Ao ser questionado por uma bolsonarista sobre como o movimento dos caminhoneiros deveria agir, o chefe do Executivo respondeu que não se trata de recuo, mas que "não pode ir para o tudo ou nada".
"As consequências de uma paralisação são gravíssimas para todo mundo. Você quando quer matar um verme, às vezes mata a vaca. Até domingo, se ficar parado, a gente vai sentir, mas, se passar disso, complica a economia do Brasil. Ninguém tá recuando. Não pode ir pro tudo ou nada. Vai arrumar o Brasil devagar. Vai arrumando", alegou.
Na última quarta-feira (8), Bolsonaro enviou um áudio em que pedia que os manifestantes desmobilizassem. Na mensagem, tratou os caminhoneiros como "aliados" e apelou para que eles desobstruam as vias porque "atrapalha nossa economia".
O presidente repetiu hoje aos bolsonaristas que a mobilização no Dia da Independência "não foi em vão". "Vai voltar a normalidade. O grande dia foi dia 7. O retrato é para o mundo todo. Não foi em vão não". E lembrou ainda que quem for eleito em 2022 poderá indicar mais dois nomes para o STF.
"Quem for eleito em 2022 tem duas vagas para o início de 2023. Tem certos povos que esperam 100 anos para atingirem os objetivos. Tem alguns que querem em um dia. Vai devagar, tá indo".
Reunião com caminhoneiros
Em live na quinta-feira (9), Bolsonaro anunciou que os caminhoneiros deverão suspender os protestos e liberar rodovias até domingo. Segundo o chefe do Executivo, no encontro, repassou aos profissionais o cenário econômico do país.
"Fui bem claro, se passar de domingo, segunda, terça a gente começa a ter problema seríssimo de abastecimento. Influencia na economia, aumenta a inflação e os problemas se voltam contra nós, contra eles que fizeram o movimento e contra eu (SIC) também por ser chefe de Estado", alegou, acrescentando que a categoria já passou um "recado enorme" aos poderes de respeito à Constituição.
Perguntado se a prisão do deputado Daniel Silveira "estava inclusa no acordo" com os poderes, Bolsonaro rebateu que não comentaria o assunto. "Tem coisa que não posso falar com vocês. Certas coisas ou você confia ou não confia".
Mais cedo, ele voltou a pedir paciência a apoiadores um dia após ter divulgado a nota de declaração à nação em que recuou das declarações de tom golpista e de ataque a ministros do Supremo. Ele relatou que "alguns querem imediatismo" e, no seu já conhecido estilo de comparar frequentemente cenários políticos a relações românticas, exemplificou que "se namorar e casar em uma semana, vai dar errado o casamento", em referência a não buscar medidas precipitadas.
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