As manifestações bolsonaristas previstas para o Dia da Independência e o incentivo dado pelo presidente Jair Bolsonaro aos atos, com reiteradas ameaças de ruptura institucional, viraram alvo de repúdio de 165 políticos de 26 países diferentes. Em uma carta publicada nesta segunda-feira (6/9), ex-presidentes, ex-primeiros-ministros, ex-ministros de Estado, deputados e senadores alertam que, no feriado de Sete de Setembro, amanhã, “uma possível insurreição colocará em perigo a democracia no Brasil”.
Assinaram o documento políticos da América do Sul, da América do Norte, da Europa e da Oceania, como os ex-presidentes Fernando Lugo (Paraguai), Ernesto Samper (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Martín Torrijos (Panamá); e o ex-primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodriguez Zapatero. Alguns brasileiros também deram respaldo à carta, como o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
No texto, eles destacam que “Bolsonaro e seus aliados — incluindo grupos supremacistas brancos, a polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis de governo — estão preparando uma marcha nacional contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso em 7 de setembro, aumentando os temores de um golpe de Estado na terceira maior democracia do mundo”.
“Estamos profundamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil — e estaremos vigilantes em defendê-las antes e depois de 7 de setembro. O povo brasileiro tem lutado durante décadas para garantir a democracia contra o domínio militar. Não devemos permitir que Bolsonaro os tire agora”, frisa a carta.
O texto foi divulgado pela Internacional Progressista, uma organização internacional que junta ativistas e organizações progressistas de esquerda.
Leia a íntegra da carta
Nós, representantes eleitos e líderes de todo o mundo, soamos o alarme": Em 7 de setembro de 2021, uma possível insurreição colocará em perigo a democracia no Brasil.
Neste momento, o Presidente Jair Bolsonaro e seus aliados — incluindo grupos supremacistas brancos, a polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis de governo — estão preparando uma marcha nacional contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso em 7 de setembro, aumentando os temores de um golpe de Estado na terceira maior democracia do mundo.
Bolsonaro tem intensificado seus ataques às instituições democráticas do Brasil nas últimas semanas. Em 10 de agosto, ele organizou um desfile militar sem precedentes pela capital, Brasília, e seus aliados no Congresso impulsionaram reformas radicais no sistema eleitoral do país, amplamente considerado um dos mais confiáveis do mundo. Bolsonaro e seu governo têm — repetidamente — ameaçado cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso não aprovar essas reformas.
Agora, Bolsonaro convoca seus apoiadores para viajar a Brasília em 7 de setembro, num ato de intimidação das instituições democráticas do país. De acordo com uma mensagem compartilhada pelo presidente em 21 de agosto, a marcha está em preparação para um "necessário contragolpe" contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A mensagem afirmava que a "Constituição comunista" do Brasil havia retirado o poder de Bolsonaro, e acusava o "Poder Judiciário,a esquerda e todo um aparato, inclusive internacional, de interesses escusos" ao conspirar contra ele.
Parlamentares do Brasil advertem que a mobilização de 7 de setembro tem sido moldada pela insurreição na capital dos EUA em 6 de janeiro de 2021, quando o então presidente Donald Trump incitou seus partidários a "parar o roubo" com falsas alegações de fraude eleitoral nas eleições presidenciais de 2020.
Estamos profundamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil — e estaremos vigilantes em defendê-las antes e depois de 7 de setembro. O povo brasileiro tem lutado durante décadas para garantir a democracia contra o domínio militar. Não devemos permitir que Bolsonaro os tire agora.
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