O que Bolsonaro espera do Sete de Setembro
Em conversas com alguns aliados, o presidente Jair Bolsonaro disse esperar que a manifestação de Sete de Setembro seja suficiente para levar o Supremo Tribunal Federal a parar de prender seus aliados por expressarem uma opinião crítica aos ministros da Corte. De quebra, deseja, ainda, que as ruas cheias levem os congressistas a um apoio mais firme ao governo. A expectativa dos governistas é a de que, se for uma manifestação pacífica, ainda com faixas e cartazes críticos aos ministros do STF, esse objetivo será cumprido.
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Os mais próximos ao presidente têm certeza de que qualquer baderna ou invasão a prédio público será prejudicial a Bolsonaro neste momento. A ideia que prevalece dentro do governo é reunir no Sete de Setembro “os convertidos de forma pacífica para mostrar aos não convertidos” que o presidente tem força para continuar sendo o melhor nome contra o PT em 2022.
Inclua-nos fora dessa
A maioria dos ministros que saíram do chamado Centrão pretende ficar fora das manifestações do Sete de Setembro. A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, por exemplo, não deve comparecer, bem como o da Casa Civil, Ciro Nogueira, hoje os mais emblemáticos dessa categoria.
Protocolares e a distância
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a seguinte mensagem dos militares da reserva: nem vem que não tem. Quanto aos da ativa, os que realmente importam aos petistas, a mensagem foi mais sutil. As Forças Armadas respeitam a Constituição, o resultado das urnas e cumprem a lei. Simples assim.
A encrenca só aumenta
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) será chamado a dar uma ajuda para Ana Cristina Valle, a “madrasta 01”, mãe de Jair Renan. Os senadores apostam que dificilmente ela escapará de uma convocação na CPI da Covid para esclarecer as mensagens que a colocam como alguém que, a pedido do lobista Marconny Faria, teria usado influência no Planalto para tentar escolher o defensor-geral da União.
E por falar em CPI...
Os bolsonaristas ainda acreditam que dali não sairá nada capaz de colocá-los em xeque-mate. Mas têm avaliado que não dá para deixar tudo solto.
CURTIDAS
Propaganda às avessas/ O Nordeste é realmente um terreno hostil para Bolsonaro. Desde que foi anunciada, para hoje, a “motociata pernambucana” do presidente, um carro de som circula por Santa Cruz do Capiberibe dizendo: “É dia de demonstrar alienação política. Participe da motociata do presidente Bolsonaro, comemore os feitos do governo Bolsonaro: gasolina, R$ 7. Gás de cozinha, R$ 100, 580 mil mortes por covid...” — e por aí vai.
Melhor já ir se acostumando/ Os organizadores do Cpac Brasil, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), avisam que essas reuniões vieram para ficar. Seja num auditório cheio, como desta vez, com o presidente Jair Bolsonaro no poder, seja num local mais modesto. É a forma de fortalecer o braço institucional de forças políticas de direita.
Nada é eterno/ Os conservadores, aliás, querem aproveitar esse ciclo. Quem esteve ontem no evento lembrava das festas de confraternização e reuniões do PSDB dos tempos em que Fernando Henrique Cardoso (foto) era presidente da República. Sempre cheias. Depois de deixar o governo, as confraternizações eram em salas bem mais modestas.
Faltou protocolo sanitário/ No Cpac, a maioria dos presentes sentados nas primeiras fileiras evitou o uso de máscaras. O vírus, porém, continua por aí. Cuide-se e aproveite seu fim de semana.