STF

Bolsonaro ironiza Fux e Moraes, pede 'palmas' e diz que 'Brasil está em paz'

"O Brasil tá em paz no meu entender. Tá faltando uma ou outra autoridade de reconhecer que extrapolou e trazer a paz no Brasil", disse em referência ao ministro do STF, Alexandre de Moraes

O presidente Jair Bolsonaro ironizou, nesta quinta-feira (02/09), a fala do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux durante abertura da sessão que começou a discussão sobre o marco temporal. O mandatário pediu "palmas" ao magistrado que falou de respeito à democracia e os atos dia 7 de Setembro. A declaração ocorreu durante cerimônia de lançamento das autorizações ferroviárias - Setembro Ferroviário.

"Hoje eu vi o ministro Fux, no início da sessão, dizendo que não pode haver democracia sem respeitar a Constituição. Palmas para o ministro Fux", disse batendo palmas e incitando os presentes a fazerem o mesmo.

"Realmente, não pode ter democracia se nós não respeitarmos a Constituição em todos os seus artigos. Poderia dizer, principalmente, o artigo 5º, o direito de ir e vir, o direito ao trabalho, o direito a ter uma religião, a liberdade de expressão. Imagine dentro de nossas casas, se um casal começasse um a censurar o outro. Vai destruir a família. O nosso Brasil é o juntamento dessa famílias. Família sadia, país sadio", acrescentou.

"Alguém já me viu brigando com algum poder, alguma instituição, a não ser algo pontual? O Brasil tá em paz no meu entender. Tá faltando uma ou outra autoridade ter a humildade de reconhecer que extrapolou e trazer a paz no Brasil. Ninguém precisa temer o 7 de Setembro", alegou.

Bolsonaro ironizou também o ministro Alexandre de Moraes, ao qual ingressou com um pedido de impeachment, sem sucesso.

"Duvido quem seja mais criticado do que eu nas mídias sociais. Mexem com gente da minha família quase que o tempo todo. Não é por isso que vou começar a tomar providência para calar essa pessoa. Como já disse o nosso ministro Alexandre de Moraes há pouco tempo: quem não quer ser criticado fique em casa. Parabéns, Alexandre de Moraes".

O chefe do Executivo disse que não se pode usar da posição política institucional para praticar censura. "Não podemos nós, usar da força do poder que nós temos para censurar quem quer que seja, para desestabilizar a nação, para acirrar os ânimos. Ou somos democratas ou não somos. Essa liberdade é importante para todos nós", continuou.

Em meio ao discurso, ele repetiu menção a Fux enquanto falava sobre as manifestações do Dia da Independência. "O que essas pessoas estão fazendo lá? O que elas estão pedindo? O que elas estão clamando a não ser aquilo que o ministro Fux disse hoje em sua sessão: "Não pode haver respeito à democracia se não tiver respeito à Constituição". Parabéns mais uma vez, ministro Fux. É isso que eu quero, vossa excelência quer. Lira quer, Pacheco quer. Todos nós queremos".

Porém, disse que "muitas vezes falta a gente olhar para dentro de nós mesmos para ver se não somos aquela pessoa que está turvando aquela água. O que é turvar aquela água? É a nossa paz aqui".

Por fim, relatou que assim como conversa com ministros da Esplanada quando tem problemas, o exemplo deveria ser seguido por membros da Corte em relação a Moraes.

"Todos os poderes são importantes. Quando um do meu ministério está dando problema, como já tive, chama, conversa e nos acertamos. Quando um da Câmara, do Senado está dando algum problema, é comum o líder partidário, o presidente da Câmara chamar para conversar. Quando um do STF começa a dar problemas, com toda certeza, o presidente ou seus pares devem conversar com ele. Porque alguns de nós, somos humanos, extrapolamos. Não podemos ficar refém de um do parlamento, um do Executivo ou um do Supremo Tribunal Federal. Essa é a harmonia. E a palavra em voga, né: "liberdade", concluiu.