O senador Flávio Bolsonaro (Patriota) publicou uma mensagem em seu perfil no Twitter, na noite desta quarta-feira (29/9), para tentar explicar a diferença entre o que chamou de “tratamento preventivo” e “tratamento precoce”. O filho 01 do presidente da República ainda reclamou do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da COVID), senador Renan Calheiros (MDB).
Como o relator da CPI não sabe a diferença, vamos explicar:
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) September 30, 2021
- tratamento preventivo: antes de estar doente.
- tratamento imediato (=precoce): no início da doença.
Sempre com acompanhamento médico!
Qualquer doença no mundo, quanto antes tratar, melhor. Mas com a covid, não pode.
A comunidade científica rechaça o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes para o tratamento de pessoas com COVID-19. Além disso, ressalta que a melhor maneira para evitar a propagação do vírus é por meio da vacinação, distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos.
O empresário bolsonarista Luciano Hang, que prestou depoimento nesta quarta-feira (29) à CPI, afirmou que soube pela própria Comissão que a Prevent Senior omitiu a COVID do atestado de óbito de sua mãe, Regina Hang.
"Fiquei sabendo através da CPI que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da minha mãe foi pego. E que lá no atestado de óbito não constava COVID. Eu sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado de óbito", declarou Hang.
O empresário afirmou que a Prevent Senior ofereceu para ele um segundo documento. Nele, a COVID era citada.
De acordo com o empresário bolsonarista, a comissão foi “induzida ao erro” pela advogada Bruna Morato, representante dos médicos da Prevent Senior que elaboraram dossiê com denúncias à conduta da empresa no tratamento de pacientes.
“Vocês foram induzidos ao erro. A Prevent Senior foi uma escolha minha, baseada nos amigos médicos que eu tinha”, disse.
Hang também admitiu que faz o "tratamento preventivo", já fez "tratamento precoce", e afirmou ter assinado um documento liberando a Prevent Senior a fazer "o que quisesse" com ele.
O dia da CPI
O empresário bolsonarista Luciano Hang depôs nesta quarta-feira (29/9) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, instalada pelo Senado.
O dono da rede de lojas Havan é suspeito de pertencer ao 'gabinete paralelo', grupo que supostamente aconselha o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pandemia do novo coronavírus, promovendo ideias negacionistas, como o tratamento precoce com medicamentos com ineficácia comprovada contra a doença.
A convocação foi requerida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator do colegiado.
Hang também deve ser questionado pelos senadores pela suspeita de ter financiado a disseminação de 'fake news' sobre a COVID-19 junto ao blogueiro bolsonarista Allan do Santos, do canal 'Terça Livre', caso investigado em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho '03' do chefe do Executivo, teria intermediado o contrato entre os dois .
Além disso, o empresário é alvo da CPI por supostamente fraudar a certidão de óbito de sua mãe, Regina Hang , que morreu em fevereiro, aos 82 anos, no hospital Sancta Maggiore, da Prevent Senior, operadora de saúde que é acusada de omitir mortes por ministração de medicamentos sem eficácia, como a hidroxicloroquina.
Em um dossiê de denúncias entregue aos senadores, 15 médicos que trabalharam para a empresa relatam que Regina foi infectada com a COVID-19 e usou medicamentos ineficazes, defendidos por Bolsonaro. Mas a doença não consta do atestado.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Luciano Hang aparece dizendo que a mãe poderia ter sido salva se tivesse feito 'tratamento preventivo'. Porém, o prontuário de Regina na unidade da Prevent, obtido pela CPI, indica que ela tomara, sim, hidroxicloroquina e ivermectina antes da internação.
Além da ocultação de mortes, a Prevent Senior vem sendo acusada por médicos de incentivar a prescrição desses medicamentos, na contramão dos principais estudos científicos realizados desde o início da pandemia e sem consentimento dos pacientes e familiares.
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