CPI da Covid

Tebet recebe apoio de colegas da CPI após ataque de ministro da CGU

Senadores e senadoras aproveitaram o momento de solidariedade nesta quarta-feira (22/9) para reafirmar que não vão tolerar mais desrespeito com a Casa e com os trabalhos da comissão

Tainá Andrade
postado em 22/09/2021 13:25 / atualizado em 22/09/2021 13:28
Simone Tebet (MDB-MS) conversa com Mecias de Jesus (Republicanos-RR) -  (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)
Simone Tebet (MDB-MS) conversa com Mecias de Jesus (Republicanos-RR) - (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)

A sessão da Comissão de Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 desta quarta-feira (22/9) começou repercutindo a confusão do fim da reunião de ontem entre o depoente, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, e a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Após a fala da senadora, em que ela evidenciava com documentos, a omissão do ministro diante das irregularidades praticadas no contrato da Precisa Medicamentos com o Ministério da Saúde para a compra das vacinas Covaxin, Rosário a chamou de “descontrolada”. O episódio, que gerou enorme repercussão também nas redes sociais,  provocou um bate-boca entre os senadores e o ministro e a sessão foi encerrada em seguida.

Os parlamentares Eliziane Gama (Cidadania-MA), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Zenaide Maia (Pros-RN), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Leila Barros (Cidadania-DF) saíram em defesa de Simone Tebet.

“Você não tem só o meu respeito e o dessa bancada [Bancada Feminina], você tem o respeito do Senado Federal e deste país. Ontem, você chegou na CPI preparada e empurrou o ministro contra a parede. Naquele momento, o descontrolado foi ele. Se descontrolou, tumultuou e isso foi uma estratégia. Quem é do esporte sabe muito bem que aquilo foi uma estratégia. Você saiu maior e essa CPI saiu maior por essa postura de não aceitarmos mais esse tipo de comportamento. Nós não podemos mais aceitar o que anda acontecendo, de certos grupos, com essa Casa”, declarou a senadora Leila Barros.

Eliziane Gama classificou como “inaceitável” o comportamento de Rosário. Lembrou sobre um estudo realizado por Adrienne B. Hancock, na Universidade de George Washington (EUA), em 2014, no qual ela evidenciou que as mulheres são duas vezes mais interrompidas que homens em conversas neutras. “Então, chamar a mulher de descontrolada, de histérica, são falas misóginas ouvidas pelas mulheres no dia a dia. O ataque não foi só à Simone, foi a mais de 50% da população brasileira, foi a 12 senadoras. Mas não é um grito, uma palavra, não é nada que nos fará calar ou recuar. Nós estamos mais firmes do que nunca”, repudiou.

Eduardo Bolsonaro

Randolfe usou o episódio para advertir que ainda é preciso “superar os traços patriarcais” na sociedade brasileira. Segundo ele, o ataque ocorreu porque a senadora foi a primeira a usar “questionamentos e palavras duras” contra o depoente e o tratou com “posição de firmeza”.

“Porque foi a primeira mulher que o questionou, foi a primeira que se colocou em uma posição de firmeza. Esse é um traço presente na sociedade, lamentavelmente reproduzido pelo presidente, ministros e seus filhos. Um deles reiterou, no dia de hoje, ataque e machismo à senadora”, disse Randolfe.

O senador se refere ao tweet publicado por Eduardo Bolsonaro, mais cedo, nesta quarta-feira, sobre o assunto. A publicação diz: “Maria do Rosário do Senado. Lembra ou não lembra um ‘mas o que é isso?! O que que é isso aqui?! Mas o que é isso?!’. É ou não é um circo?”, escreveu o parlamentar em uma publicação junto com o vídeo em que Simone Tebet é chamada de “descontrolada”.

Presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) aproveitou a fala de Randolfe para lembrar que não se tratou de um episódio isolado da oitiva. Ele observou que, em outro momento, Rosário “insinuou” que a senadora era “burra”, pois a mandou ler de novo o contrato no qual já havia se debruçado para confrontá-lo. “Não disse diretamente, mas insinuou. O primeiro ataque foi esse”, complementou.

 

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