O presidente Jair Bolsonaro e a comitiva que o acompanhou a Nova York para a abertura da 76ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas retornou a Brasília nesta quarta-feira (22/9), às 7h. Após a chegada, o chefe do Executivo seguiu diretamente para o Palácio da Alvorada. A agenda divulgada até agora prevê apenas uma reunião à tarde por meio de videoconferência com Pedro Cesar Sousa, subchefe para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, testou positivo para covid-19 e deverá seguir quarentena nos Estados Unidos por 14 dias. Após o ocorrido, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou à Casa Civil que a equipe que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na viagem a Nova York adote medida de isolamento social, permanecendo em quarentena assim que retornasse ao Brasil, o que inclui o chefe do Executivo brasileiro, que deverá realizar novo teste PCR após 5 dias de contato com o ministro da pasta.
A previsão era de que Bolsonaro viajasse a Ponta Grossa, no Paraná, nesta sexta-feira (24), para participar de uma solenidade de entregas do governo federal ao estado. O Correio questionou o Planalto se ele pretende seguir o isolamento recomendado pela Anvisa, mas não obteve resposta até o momento.
Na terça-feira (21), apesar de ter feito um discurso mais moderado em comparação aos anos anteriores, durante discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Bolsonaro radicalizou em aceno à base eleitoreira. Em meio aos líderes mundiais que defenderam a vacinação frente à pandemia de covid-19, Bolsonaro apontou que "até novembro todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos", mas que o governo não apoia o passaporte de imunização.
Sem ter tomado as doses, o chefe do Executivo ainda defendeu o tratamento precoce, que não possui comprovação científica e disse que "a história e a ciência saberão responsabilizar a todos" que são contrários à medida e disse “não entender” a razão de “muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocarem contra o tratamento inicial”. O presidente ainda jogou a culpa da inflação em governadores por terem adotado medidas restritivas como o lockdown e falou sobre o esforço do governo em relação à vacinação no país.
Meio ambiente
Nos cerca de 12 minutos de discurso, Bolsonaro tentou pintar um cenário positivo para o país, e, apesar de afirmar aos demais participantes do encontro que apresentaria um “Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões”, distorceu fatos e ignorou alguns acontecimentos.
Ele minimizou o desmatamento na Amazônia, apontando redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado ao mesmo mês no ano passado. Porém, segundo dados informados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto, a área desmatada foi 7% maior que no mesmo período do ano anterior. De janeiro a agosto de 2021, cerca de 7.715 km² foram desmatados, 48% a mais que no mesmo período em 2020.
Bolsonaro convidou os líderes mundiais participantes da ONU a realizarem uma visita à Amazônia, nas entrelinhas, na tentativa de mostrar que o local não está em chamas conforme indicado pelos meios de notícia. E destacou também que o Brasil é exemplo na preservação de florestas e na geração de energia advinda de fontes renováveis.
Credibilidade
O presidente também tentou atrair investidores, ao falar sobre o Brasil estar preparado para receber investimentos afirmando que seu governo recuperou a credibilidade externa e que, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos. No entanto, parte do agronegócio e do mercado financeiro usualmente simpático ao Planalto retirou seu apoio em meio à crise e à instabilidade política no país.
Após anunciar que citaria o debate sobre o marco temporal na semana passada, Bolsonaro recuou e evitou o assunto. Indiretamente, contudo, disse que, como 14% do território nacional pertence a indígenas, não vê razão para demarcações territoriais e defendeu a aprovação de projetos que preveem atividades de extração de minerais em terras indígenas.
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