CRISE POLÍTICA

"Só não recua quem é ditador", diz Temer em seminário

Ao lado dos também ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, emedebista participou de seminário intitulado "Crise Institucional e Democracia"

Jorge Vasconcellos
postado em 15/09/2021 21:47 / atualizado em 15/09/2021 21:49
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

Em um seminário realizado nesta quarta-feira (15/9), os ex-presidentes Michel Temer (MDB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (MDB) defenderam o diálogo como o melhor caminho para a preservação da democracia. Durante o evento, Temer afirmou que, na vida pública, "só não recua quem é ditador".

Mentor principal da "Declaração à Nação", na qual o presidente Jair Bolsonaro recuou das ameaças que fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos de 7 de setembro, Temer frisou que a Constituição brasileira é pautada na ideia da paz, na igualdade dos cidadãos perante a lei. Ele também citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que dizia não ter compromisso com o erro e recuava sempre que necessário.

 

"Eu louvo muito o temperamento daqueles que são aguerridos na ação e nas palavras. É fundamental isso. Cada um tem o seu temperamento. Meu temperamento é mais pela conciliação, pela harmonia, pela tentativa de convencimento", disse o emedebista, durante o seminário intitulado Crise Institucional e Democracia, promovido por quatro partidos de centro: MDB, PSDB, DEM e Cidadania.

Temer acrescentou que, "evidentemente, seguindo um preceito, uma lembrança que eu sempre tenho, do presidente Juscelino Kubitschek, que dizia 'eu não tenho nenhum compromisso com o erro; se eu erro eu recuo'. Portanto, o recuo é algo também da democracia, é o tema que estamos tratando aqui. Só não recua quem é ditador", declarou.

Já Fernando Henrique Cardoso disse não acreditar que, um dia, Bolsonaro venha a ter uma postura de respeito à Constituição. "Neste momento em que estamos vivendo, não dá para negar o fato de que o presidente tem arroubos que não são condizentes com o futuro democrático. Ele não vai conseguir, e nem creio que ele tenha objetivo de consegui-lo, mas eu acho que cabe a nós, que temos experiência histórica, reavivar, na memória de todos os brasileiros, a necessidade de estarmos juntos em defesa da liberdade e da democracia", disse o tucano.

Ele acrescentou que, apesar das turbulências do momento, a normalidade democrática não está em risco, "porque o povo gostou de votar, e dia de eleição, no Brasil, é dia de festa". Porém, observou que todos os ocupantes de cargos públicos devem constantemente reafirmar o respeito à Constituição. "Você pode gostar ou não gostar de quem está exercendo a Presidência da República, num dado período, mas, mesmo essa pessoa que você não gosta, ela está dentro do sistema que foi sacramentado na Constituição brasileira", afirmou o ex-presidente.

Por sua vez, José Sarney ressaltou a importância de o Brasil manter a tradição de ser um país que preza pela paz e pela conciliação. "Nós somos um país que sempre resolvemos os nossos problemas de uma maneira pacífica. Algumas vezes não chegamos a ser tão pacíficos, mas, na realidade, foi esse o desejo que nós sempre tivemos".

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