A ativista Greta Thunberg, 18 anos, participou, ontem, de sessão temática ambiental no Senado para debater os resultados do IPCC, sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, e fez duras críticas às autoridades brasileiras. Durante a reunião, Greta destacou a importância dos povos indígenas no país e o combate que precisa ser feito contra o aquecimento global. Greta afirmou que a forma como os temas têm sido conduzidos pelos líderes políticos brasileiros é “vergonhosa”. Ela disse considerar que o Brasil não começou a crise climática, mas "acrescentou muito combustível a esse incêndio”.
“Não importa como nós vemos isso. O que os líderes do Brasil estão fazendo hoje é vergonhoso. É extremamente vergonhoso o que eles estão fazendo com os povos indígenas e com a natureza”, disse. Greta também destacou que o fracasso de outros governos com relação ao tema não é uma desculpa para que o país siga pelo mesmo rumo. “O que os líderes do mundo falharam não tem desculpa, o Brasil não tem desculpa para não assumir sua responsabilidade”, disse ela, por videoconferência.
Greta se tornou uma das principais porta-vozes das novas gerações sobre a questão ambiental nos últimos anos. Em 2019, após discursar na Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, ela foi eleita Personalidade do Ano pela tradicional revista americana Times. Naquele mesmo ano, a ambientalista foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que a chamou de “pirralha”. Em resposta, ela adicionou o termo à descrição do perfil que mantém no Twitter.
Na audiência no Senado, além de reforçar a importância do acordo de Paris, um compromisso de países para redução das emissões de gás carbônico, a ativista também destacou a importância de o Brasil defender sua população indígena. "Os grupos indígenas representam menos de 5% da população, mas representam 8% da diversidade", disse. "Os direitos dos povos indígenas e os direitos climáticos caminham juntos, e a conservação não pode ficar só por conta do governo, das empresas, mas também dessas pessoas que tomaram conta do planeta por milênios".
Marco temporal
As falas da ativista acontecem em meio ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionado da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas. Até agora, o ministro Edson Fachin conseguiu registrar integralmente seu voto, favorável aos povos originários. Desde de 22 de agosto, cerca de mil indígenas acampam próximos à sede do Supremo na espera de uma decisão do tribunal sobre o tema.
A tese do marco temporal funciona como uma linha de corte ao propôr que uma terra só pode ser demarcada se ficar comprovado que os indígenas estavam naquele território até a data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
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