Um dos apoiadores mais ferrenhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) não poupou o chefe do Executivo de críticas pela nota publicada na quinta-feira (9/9) em que o mandatário se desculpou pelas ofensas feitas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e pelos ataques contra a Corte durante o feriado da Independência.
Recentemente, Otoni foi alvo de uma operação da Polícia Federal, autorizada por Moraes. A corporação cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do parlamentar e apreendeu aparelhos eletrônicos dele. Otoni teve os sigilos bancário, fiscal e telefônico derrubados. A decisão do ministro contra o deputado foi devido às suspeitas de que o congressista teria financiado as manifestações do 7 de Setembro.
Durante a sessão plenária da Câmara na quinta-feira (9), Otoni se disse entristecido com o texto publicado por Bolsonaro e reclamou que o presidente virou as costas para os apoiadores. Segundo ele, "infelizmente, os conselheiros do presidente Bolsonaro o tornaram pequeno". "Leão que não ruge vira gatinho. É nisso que estão tentando transformar o grande leão desta República, Jair Messias Bolsonaro", ponderou.
"Daniel Silveira está preso. Roberto Jefferson está preso. Zé Trovão está preso. Wellington Macedo está preso. Oswaldo Eustáquio está preso. Não é tempo de paz quando o inimigo não quer paz, quando o adversário só quer guerra. Lamento, presidente, o senhor ficou pequeno", acrescentou Otoni.
O parlamentar comentou que não é contra a pacificação, mas destacou que gostaria de ver Moraes tomando uma atitude semelhante à de Bolsonaro. "Eu sou contra é a que essa pacificação mais uma vez venha de um lado só. Ora, por que não se mostrou a intenção da nota do governo federal e, concomitantemente, uma nota do STF, uma nota conjunta, pelo bem do país?", questionou.
Temer
O deputado ainda repreendeu Bolsonaro por ele ter convocado o ex-presidente Michel Temer para pedir ajuda em meio à crise com o STF. Moraes foi indicado para ocupar uma vaga no Supremo justamente durante a gestão do emedebista à frente do Palácio do Planalto.
"Esta nota partiu de uma redação feita pelo ex-presidente da República Michel Temer, responsável pela estadia do déspota Alexandre de Moraes em uma das cadeiras do pleno do STF. Sim, o presidente da República assina a nota do pai do déspota. Sim, o presidente da República permite que a redação seja do pai, daquele que colocou o ditador da toga naquela cadeira", reclamou.
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