Por mais que tenha gravado um áudio pedindo que os caminhoneiros cessem os bloqueios em rodovias federais e conversado com alguns deles nesta quinta-feira (9/9) no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro não conseguiu convencer todos os representantes da categoria, que prometeram manter a paralisação em alguns estados do país.
De acordo com caminhoneiros que participaram do encontro com o chefe do Executivo, a classe vai manter os bloqueios pelo menos até conseguir conversar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para pedir que os senadores analisem os processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que estão parados na Casa.
A postura dos caminhoneiros foi insuflada pelo discurso do presidente no feriado da Independência, quando ele reiterou críticas contra o Judiciário, prometeu não cumprir decisões proferidas pelo Supremo e ainda chamou o ministro Alexandre de Moraes de "canalha".
Em entrevista à imprensa após a conversa com Bolsonaro, alguns dos integrantes da classe garantiram que ele não fez nenhum pedido aos caminhoneiros. E mesmo que o presidente tenha recuado no discurso contra a Corte, divulgando uma "declaração à nação" nesta tarde pedindo desculpas ao STF, isso não foi suficiente para mudar o pensamento dos caminhoneiros que lideram o movimento.
"O presidente não nos pediu nada. Estamos numa visita de cortesia visto que viemos ao Senado e até o momento não pudemos ser recebidos. Como nós estamos mobilizados aqui aproveitamos a oportunidade para estar com o presidente que diga-se de passagem foi muito cordial. E estamos avançando no sentido de construir uma agenda positiva para o povo brasileiro", afirmou Francisco Dalmora Burgardt, conhecido por Chicão Caminhoneiro.
"A gente está aqui manifestando, representando um segmento da sociedade brasileira. A gente estabeleceu uma pauta de entrega de um documento ao senador Rodrigo Pacheco e até o momento não tivemos êxito nisso. Permanecemos no aguardo de ser recebido pelo mesmo. Até que isso seja realizado estamos mobilizados em todo o Brasil", acrescentou.
Francisco destacou que, diferentemente da greve dos caminhoneiros de 2018, os atos deste ano não defendem a redução do preço dos combustíveis. "Estamos mobilizados pelos direitos de liberdade, de expressão, de manifestação. O povo está sendo impedido de se posicionar em muitas questões e precisamos que isso mude, que a Constituição seja respeitada de forma integral", reclamou.
Cleomar José Immich, que também esteve na reunião, completou que o Senado tem "a obrigação de atender e tentar resolver a nossa questão". "A insatisfação do povo brasileiro com o Judiciário seria isso. O único poder político foi o Executivo que nos abriu as portas para entender o que estava acontecendo e o por que disso", destacou.
"Nós somos brasileiros, patriotas, caminhoneiros, na sequência. Nossa pauta é contra o STF. Nós queremos que todas as forças, todos os poderes políticos trabalhem dentro da Constituição, é só isso”, completou.
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