Diante das dificuldades para convencer caminhoneiros a cessarem os bloqueios em rodovias federais e em meio a uma crise institucional com o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente Michel Temer, nesta quinta-feira (9/9), em busca de soluções para os dois empecilhos.
Bolsonaro e Temer almoçaram no Palácio do Planalto e conversaram por aproximadamente quatro horas. O compromisso entre os dois não estava previsto na agenda oficial do chefe do Executivo e foi combinado de última hora. Para garantir que o ex-presidente chegasse rapidamente a Brasília, Bolsonaro enviou um avião da Presidência da República a São Paulo para buscar Temer.
O presidente tem uma boa relação com o ex-mandatário e o procurou neste momento por conta da experiência de Temer com a greve dos caminhoneiros em 2018. Há três anos, um movimento nacional da classe bloqueou rodovias e provocou desabastecimento de combustíveis, alimentos, insumos médicos e outros produtos.
Temer foi forçado a convocar o Conselho da República, um órgão de consulta do presidente da República que se pronuncia sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e questões relevantes para a estabildiade das instituições democráticas.
Para contornar o problema, Temer cedeu a uma série de exigências dos caminhoneiros, tendo reduzido o preço do diesel nas bombas e nas refinarias, isentado da cobrança de pedágios dos caminhões que trafegavam vazios, dentre outras medidas.
Por mais que os bloqueios feitos pelos caminhoneiros no momento não tenha as mesmas pautas de 2018 — a paralisação tem como pauta a destituição dos ministros do STF —, Bolsonaro considerou importante ouvir o ex-presidente porque tem esbarrado na resistência de caminhoneiros em dar fim às paralisações. Como o movimento não tem o apoio de nenhuma entidade que representa a classe, fica mais difícil reverter o cenário.
Além disso, Temer foi consultado por Bolsonaro pelo fato de ter indicado Alexandre de Moraes ao STF. Durante a gestão do emedebista à frente do Palácio do Planalto, Moraes foi ministro da Justiça.
Sete de Setembro
No feriado da Independência, Bolsonaro fez discursos acalorados na Esplanada dos Ministérios e na Avenida Paulista contra o STF e, sobretudo, Moraes. O presidente prometeu descumprir decisões judiciais do ministro por entender que ele está extrapolando as suas funções institucionais e perseguir o governo.
No entanto, Bolsonaro ficou preocupado com a possibilidade de ser enquadrado e crime de responsabilidade caso descumpra ordens judiciais. Ele não vai mudar a postura contra Moraes, mas dialogou com Temer sobre como pode se portar diante do ministro para que não sofra mais problemas.
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