Ao refutar, mais uma vez, falas enganosas do presidente Jair Bolsonaro sobre o sistema eletrônico de votação, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse que já está ficando cansado de ter que desmentir o chefe do Executivo. As falas foram proferidas em um duro discurso nesta quinta-feira (9/9), no qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) respondeu a "críticas vazias" de Bolsonaro e o chamou de “farsante”.
“Já começa a ficar cansativo no Brasil ter que repetidamente desmentir falsidades para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade. É muito triste o ponto em que chegamos”, desabafou.
Ele também disse que só há dúvidas sobre a segurança do sistema eleitoral hoje porque o próprio presidente da República as plantou, após passar todo o período do seu governo atacando a urna eletrônica.
“Depois de quase três anos de campanha diuturna e insidiosa contra as urnas eletrônicas por parte de ninguém menos do que o presidente da República, uma minoria de eleitores passou a ter dúvidas sobre a segurança do processo eleitoral. Dúvida criada artificialmente por uma máquina governamental de propaganda. Assim que pararem de circular as mentiras, as dúvidas se dissiparão”, pontuou Barroso.
“Hoje em dia, salvo os fanáticos que são cegos pelo radicalismo e os mercenários, que são cegos pela monetização da mentira, todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”, acrescentou.
Autoritarismo
Ele também condenou as atitudes autoritárias e extremistas do mandatário. Para o presidente do TSE, Bolsonaro põe em prática um modus operandi que tem sido comum em países onde a democracia sucumbiu: a tentativa de descredibilizar o sistema eleitoral para se manter no poder. Nessa lógica, os discursos do mandatário têm sido ferramentas de uma estratégia que busca minar a democracia brasileira e manter um ecossistema de circulação de inverdades.
“Uma das estratégias do autoritarismo é criar um ambiente de mentiras, no qual as pessoas já não divergem apenas quanto a suas opiniões, como é próprio da democracia, mas divergem quanto aos próprios fatos. Pós-verdades e fatos alternativos ingressaram no vocabulário contemporâneo e identificam essa distopia em que muitos países estão vivendo”, disse.
Ele citou o uso de redes sociais para inflamar as massas, a tentativa de descredibilização das instituições e o ataque às Cortes constitucionais que limitam e controlam o poder como ferramentas de propagação do extremismo.
“O extremismo tem se valido de campanhas de ódio, de campanhas de desinformação, de meias-verdades e teorias conspiratórias que visam enfraquecer os fundamentos da democracia representativa”, ressaltou.
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