COLUNA

Alexandre Garcia: "Agora é esperar as consequências do que vimos no 7 de setembro"

"O país ouviu os dois discursos do presidente, jurando perante o povo que atos fora da Constituição não serão aceitos"

Alexandre Garcia
postado em 09/09/2021 06:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A. Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A. Press)

Há 199 anos, o príncipe Pedro deu o grito de Independência ou Morte! que libertou os brasileiros da tutela da corte de Portugal. A palavra independência é um sinônimo de liberdade. Foi a principal mensagem que milhões de brasileiros levaram às ruas, como a repetir a senha do príncipe Pedro, para libertar os brasileiros da tutela da corte portuguesa.

A corte brasileira contribuiu para estimular esse grito de Liberdade. A mais positiva das consequências de reiterados atos de juízes do Supremo é ter tornado a maioria dos brasileiros familiarizada com a Constituição. O Supremo deu pretextos de sobra. Nunca o povo, de onde emana todo poder — e a quem o poder deve servir — se interessou tanto pela Constituição. Nunca se esmiuçaram tanto os direitos fundamentais garantidos no artigo 5º. Já se incorporou na mente a liberdade de expressão e a vedação à censura, impostos no artigo 220. Todos já sabem que deputados e senadores são invioláveis por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, como diz o art. 53. Todos sabem o que não é devido processo legal.

Esse povo, estimulado pelo Supremo, tornou-se mais ativo, mais politizado, com mais cidadania. Descobriu que uma constituição é limitante do Estado, pois estabelece o que o estado pode e o que não pode fazer para servir o povo e garantir seus direitos. Mostra que soberano é o povo, origem e titular do poder. As instituições do Estado são instrumentos para servir o povo, e não podem oprimir liberdades fundamentais. O Estado de Direito não comporta arbítrio e monocracia. Para servir democraticamente, há o devido processo legal e o equilíbrio entre os poderes. Nenhum poder pode sobrepor-se ao outro. Deve haver segurança para cada voto, pelo qual o cidadão também exerce seu poder — o de nomear representantes.

A pandemia cancelou os tradicionais desfiles militares. Agora, foi a defesa cidadã que foi às ruas festejar a data da libertação, atualizar o grito do príncipe. Encheram a Avenida Paulista, a Esplanada em Brasília, a Avenida Atlântica em Copacabana. O país ouviu os dois discursos do presidente, jurando perante o povo que atos fora da Constituição não serão aceitos. Foi a renovação do juramento de posse, o compromisso de “manter, defender e cumprir a Constituição”. Agora é esperar as consequências do que vimos neste 7 de Setembro, por parte dos poderes que estão a serviço do povo. Porque democracia, por aqui, precisa de eterna vigilância.

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