O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (8/9) que “nada não está ruim que não possa piorar”. A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada quando o mandatário voltou a colocar a culpa da inflação nos governadores por conta das medidas restritivas adotadas para conter o aumento de casos da covid-19. Segundo o chefe do Executivo, "caso fosse outro a vencer as eleições", teria "ajudado a fechar tudo e seria o fim do Brasil".
"Uma das consequências do fechamento de comércio é a inflação. E o pessoal me culpa agora pela inflação. É impressionante. Falta conhecimento, né? Se fosse o outro presidente ele tinha ajudado a fechar tudo. Seria o fim do Brasil. A Argentina tá meio complicado lá. Lá teve um lockdown decretado pelo presidente (Alberto Fernández). Eu não embarquei nessa, não", alegou.
“A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse, desacreditada, mas disse, esses dias, que temos que aprender a conviver com o vírus. Eu falei isso em março do ano passado, levei pancada até não poder mais. Não tem como fugir. Nego (SIC) achando que ficando dentro de casa o vírus vai embora. Vai embora é o emprego, a renda. Veio a inflação, um montão de coisa ruim junto aí”.
Foi então que o mandatário disse que "nada não está ruim que não possa piorar". “Isso é uma realidade. A Argentina reconduziu ao poder quem tinha colocado a Argentina no buraco”, alegou em referência indireta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá concorrer às eleições presidenciais no próximo ano.
Bolsonaro respondeu rispidamente a uma apoiadora que disse que "assina embaixo" nas decisões do presidente.
"Olha só. Não é assina embaixo também, não, tá? Para fazer o futuro, é cada um de vocês. Pensar que eu tenho super poderes para levantar a espada e resolver as coisas: 'Ah, vai lá faz isso, faz aquilo'. Não é assim não que a banda toca. Isso que o Brasil vive é um somatório de décadas de desmandos apoiados por muitos de vocês de forma inconsciente", disparou.
Ele insinuou ainda que medidas como o lockdown foram tomadas a fim de "mexer na economia e derrubar o governo". "No ano passado, pela política do fecha tudo, até pensei, não posso afirmar, que é uma maneira de mexer na economia para tentar derrubar a gente".
Consequências
Ele também reclamou do posicionamento de partidos políticos contrários ao governo. "Dois partidos políticos fazendo nota agora me atacando e falando de preço de combustível , dos alimentos. Mas o que os partidos fizeram a não ser apoiar medidas dos governadores. Tem que ter uma consequência. 'Vai ficar em casa' tem uma consequência”, acrescentou.
"Como eu disse durante a pandemia tem que enfrentar os problemas, não adianta ficar chorando debaixo da cama, lamentando. Tem que tentar resolver". O Brasil já perdeu 584.171 vidas para a doença.
Bolsonaro também comentou a abertura do Jornal Nacional de terça-feira (7/9) comandado pelo jornalista William Bonner, o qual destacou os ataques e ameaças de golpe do mandatário durante atos ocorridos no 7 de Setembro.
"Ontem, o cara mandou um extrato da Globo para mim à noite. O que o Bonner falou é inacreditável, que 'nossos são atos antidemocráticos'". No entanto, o restante da fala foi editada pelo canal bolsonarista que publicou os vídeos.
Por fim, uma apoiadora questionou se o presidente "conseguiu aquela fotografia que queria", em relação ao número de manifestantes nos atos. "A gente vai buscar solução. Não é fácil você mudar uma coisa que está há décadas incrustada no poder. Ontem eu era mais um na multidão. Nada sobe à minha cabeça. Sei da responsabilidade e para onde o Brasil está marchando também, ok?", concluiu.
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