De cima de um carro de som, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro da Defesa, Braga Netto e de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, o presidente Jair Bolsonaro discursou aos seus apoiadores em meio à manifestação pró-governo ocorrida na Esplanada. O mandatário chegou de helicóptero e teceu críticas indiretas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
“Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer sentença que venha de fora das 4 linhas da Constituição”, alegou.
Em referência a aliados presos por decisão da Corte, o chefe do Executivo disse ainda que “não se pode mais aceitar prisões políticas”.
“Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu, ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, bradou.
Sem citar nomes, Bolsonaro completou que um ministro específico perdeu as condições mínimas de continuar no tribunal. “O ministro específico do STF perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal. Nós todos aqui, sem exceção, somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir”.
Ele disse que não deseja ruptura, mas que não pode aceitar que "turvem a democracia". “Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. É isso que nós queremos. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia e coloque em risco a nossa liberdade. Eu jurei um dia, juntamente com o Mourão do meu lado, Braga Netto dar a nossa vida pela pátria. Todos vocês que porventura não fizeram esse juramento, fizeram outro também igualmente importante. Dar a sua vida pela sua liberdade”.
O presidente voltou dizer que as imagens das manifestações em Brasília e São Paulo servirão de “fotografia para o mundo” e de ultimato aos poderes.
“A partir de hoje, uma nova história começa a ser escrita aqui no Brasil. Peço a Deus mais que sabedoria, força e coragem para decidir. Não são fáceis as decisões, não escolho o lado do conforto. Sempre estarei do lado do povo brasileiro. Esse retrato que estamos tendo nesse dia não é de mim, nem de que está em cima desse carro de som. Esse retrato é de vocês. É um comunicado, é um ultimato para todos que estão nos três poderes, inclusive eu, presidente, para onde devemos ir cada um de nós deve se curvar a nossa Constituição Federal, nós temos essa obrigação. Se queremos a paz e a harmonia devemos nos curvar à nossa Constituição. Enquanto vocês estiverem comigo, eu estarei com vocês”.
Por fim, anunciou que nesta quarta-feira (08/09) se reunirá com o Conselho da República, órgão superior de consulta da Presidência que tem a função de se pronunciar sobre temas como intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. “Juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês, mostrar para onde nós todos devemos ir. Acredito no Brasil, acredito em vocês e todos nós acreditamos em Deus”, concluiu.
A reunião, porém, não foi confirmada pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Já o vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid, o senador Randolfe Rodrigues afirmou que pediu aos líderes partidários para os dois indicados pelo Senado ao Conselho da República sejam ele e o senador Omar Aziz.
Mais cedo, antes da solenidade do dia 7 de setembro ocorrida no Alvorada, em mais uma investida contra os ministros da Corte, Bolsonaro afirmou que “o país não pode continuar refém de uma ou duas pessoas”. A previsão é de que o presidente discurse na tarde de hoje na Avenida Paulista, em São Paulo, onde também ocorrem atos.
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