DEMOCRACIA

Pacheco após reunião com governadores: "não se negocia a democracia"

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, também presente no encontro, declarou haver uma preocupação dos governadores com o que caracterizou de "esgarçamento das relações entre os poderes".

Ingrid Soares
Raphael Felice
postado em 02/09/2021 12:53 / atualizado em 02/09/2021 14:38
 (crédito: Marcos Brandão/Senado Federal)
(crédito: Marcos Brandão/Senado Federal)

Após reunião com governadores na residência oficial, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta quinta-feira (2/09) que "não se negocia a democracia" e destacou a importância do distensionamento do clima de instabilidade entre o Executivo e o Judiciário. 

"É muito importante que estejamos todos unidos, respeitando as divergência, na busca de consensos, na busca de convergências, mas com um aspecto que é para todos nós inegociável: não se negocia a democracia. A democracia é uma realidade, o estado de direito é uma realidade. A sociedade já assimilou esses conceitos e valores, de modo que estaremos sempre todos unidos neste propósito de preservação da democracia," declarou.

"Não é possível interromper o diálogo com nenhum dos Poderes, com nenhuma das instituições. E não é possível não ouvir governadores dos estados. Um diálogo se constrói na busca de convergências e consensos, mas respeita divergências. É um exercício democrático", apontou.

O parlamentar destacou que no encontro foram tratados temas como a pandemia de covid-19, vacinas, a inflação incidente em combustíveis, gás de cozinha, energia elétrica e alimentos e a harmonia entre os poderes. A preocupação dos governadores com a imunização se deve ao fim de alguns contratos com o Plano Nacional de Imunização (PNI), como o do Butantan, que se encerram já no mês de setembro.

"Precisamos de mais vacinas para garantir o controle do coronavírus no Brasil. Há a necessidade de controlar aqui a delta e outras variantes e ampliar a vacinação para quem não tomou nenhuma dose quem não completou a vacinação, tomar a segunda dose, para pessoas entre 12 e 18 anos e para quem precisa de uma terceira dose", afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias.

Pacheco ainda se comprometeu a dialogar com a equipe econômica do governo para tentar buscar soluções para a inflação. "Nosso inimigo é o preço do feijão, da gasolina, da luz elétrica. Temos que discutir isso no Brasil e não perdermos tempo com aquilo que não convém".

De acordo com o presidente do Senado, "não há melhor ambiente do que a democracia" e que é a preservação desse valor que criará um ambiente ideal para a evolução do Brasil. Entre os líderes estaduais presentes estavam Ibaneis Rocha (DF), Helder Barbalho (PA), Romeu Zema (MG), Reinaldo Azambuja (MS) Renato Casagrande (ES) e Wellington Dias (PI), membros do Fórum dos Governadores.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, declarou haver uma preocupação dos governadores com o que caracterizou de "esgarçamento das relações entre os poderes".

"Existe também uma unanimidade no sentido de que temos que caminhar juntos pela democracia. Isso foi pauta da última reunião e reafirmado aqui hoje com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, no sentido de que a gente possa distensionar o país".

"Nós governadores expressamos, já na última reunião nossa, a preocupação com o esgarçamento das relações entre os Poderes. Isso é unânime. Nós temos um reflexo muito ruim na economia, no encarecimento do preço de produtos. Buscamos agora dissipar esse ambiente, trazendo para a serenidade da política o estado democrático de direito", concluiu.

Os recados ao chefe do Executivo ocorrem em meio a uma crise provocada por ele próprio diante de sucessivos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), agravada com o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes requerido pelo mandatário e rejeitado por Pacheco

A agenda dos governadores ocorreu através de um requerimento enviado ao presidente do Senado. O pedido também foi feito ao presidente Jair Bolsonaro, ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, e ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP/AL).

Apesar da tentativa de governadores de buscar uma pacificação do Executivo com o Judiciário, o pedido de reunião com Bolsonaro não deve ser aceito. O chefe do Planalto não avalia de forma positiva um eventual encontro com os gestores, pois entende que o evento serviria apenas para desgastá-lo ainda mais no cenário político.

Desde o início da pandemia, o chefe do Executivo coloca a culpa nos governadores pelo aumento da taxa de desemprego e alimentos, sob o argumento de que medidas de isolamento social para prevenir a doença, entre as quais o fechamento do comércio, foram as que mais contribuíram para a redução dos postos de trabalho. Ele tem empurrado para os gestores, também, a responsabilidade pela disparada dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha.

Para o dia 7, o mandatário tem convocado apoiadores a comparecerem a atos em diversos estados. Ele disse que as manifestações do Dia da Independência darão norte ao governo do que deve ser feito e repetiu que o comparecimento da população em massa servirá como "uma foto para o país e o mundo". Defendeu ainda que mudará o destino do Brasil, que "não empunhará uma espada para cima", "mas que temos outro 7 de setembro pela frente" referindo-se indiretamente a uma nova chance de independência.

O discurso dos participantes mantém o tom agressivo contra a Corte, incluindo pedidos de deposição dos ministros da Corte. Eles alegam também a defesa da liberdade de expressão e a adoção do voto impresso.


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