O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (28/08) que "não são três Poderes, mas dois", referindo-se à crise institucional criada por ele próprio com o Judiciário. "Não somos três Poderes, somos dois. Executivo e Legislativo trabalham em harmonia como vem trabalhando em harmonia", declarou durante encontro com lideranças de Goiás.
Bolsonaro voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), destacando que "ninguém está acima da Constituição" e quem não se enquadrar nas quatro linhas, "deve sofrer processo mais complexo".
"O bem maior que podemos ter é a nossa liberdade. Nenhuma pessoa, quer seja do poder Executivo, Legislativo ou Judiciário, é melhor do que o outro. Nenhum de nós está acima da Constituição. Todos nós para vivermos em harmonia, devemos respeito a nossa Constituição e quem por ventura trabalha fora dele, deve ser devidamente advertido e se não se enquadrar à nossa Constituição, ele deve sofrer um processo mais complexo com toda a certeza", disse referindo-se ao processo de impeachment impetrado por ele contra o ministro Alexandre de Moraes e negado por Pacheco.
O chefe do Executivo também falou sobre o 7 de setembro, convidando parlamentares a comparecerem aos atos nos estados. "Quero convidar, governadores, prefeitos, deputados e senadores a comparecerem neste ato, como o carro de som que estarei em Brasília e em São Paulo não deve comportar muita gente, se tiver um só governador presente, um só governador, eu convidarei para subir nesse carro de som e fazer uso da palavra para mostrar que o que está acontecendo é algo que interessa a todos vocês eleitores, cidadãos brasileiros e a nós também que ocupamos cargos importante na República".
Bolsonaro ainda convidou ministros da Corte a comparecerem e discursarem no carro de som junto a ele. "Convido também qualquer um dos 11 ministros do STF a ocupar o carro de som e falar com o povo brasileiro".
Marco temporal
O presidente voltou a mentir dizendo que caso haja mudança no marco temporal, que deve ir a julgamento no STF no meio da semana, a agricultura no país pode ser inviabilizada. "Isso inviabilizaria o nosso agronegócio. Nós praticamente deixaríamos de produzir, exportar, e sequer teríamos como garantir nossa segurança alimentar", justificou.
Institutos que cuidam sobre o tema avaliam que as demarcações judicializadas estão dentro dos 13,8% de terras demarcadas e que o impacto da resolução das mesmas na Justiça não produziria alterações substanciais nesses números.
No último dia 26, Bolsonaro relatou que 14% do território nacional está demarcado como terra indígena e que com mudanças, o número saltaria para aproximadamente 28%. Porém, segundo especialistas, as demarcações dificilmente chegariam a esse número.
Ele completou que a maioria dos indígenas acampados na Esplanada "não sabem contra o que estão protestando" e são usados por grupos como "massa de manobra".
"Tem agora em Brasília aproximadamente 5 mil pessoas acampadas. A sua grande maioria, quase totalidade, não sabe o que está fazendo lá. É gente que é arrebanhando pelo MST, gente que é arrebanhando pelo CIMI, indígenas que estão lá protestando não se sabe contra o que".
Caso a decisão seja contrária aos interesses do governo, Bolsonaro disse ter duas opções, e que já teria escolhido uma delas. No entanto, não detalhou quais seriam. "Caso aprovado eu tenho duas opções. Não vou dizer agora, mas já está decidido qual é essa opção. É a que interessa ao povo e está do lado da nossa Constituição", concluiu.