O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um alerta neste sábado (28) contra a ameaça representada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), antes de uma reunião de cúpula regional em Bagdá marcada pela tomada de poder dos talibãs no Afeganistão e o atentado de quinta-feira em Cabul.
O encontro no Iraque foi organizado inicialmente para "apaziguar" as tensões entre as duas grandes potências regionais, o Irã xiita e a Arábia Saudita sunita, mas agora vai debater a situação no Afeganistão, onde um braço do EI reivindicou o ataque suicida de quinta-feira em Cabul que deixou mais de 100 mortos.
"Todos sabemos que não devemos baixar a guarda porque o Daesh (acrônimo árabe do EI) continua sendo uma ameaça e sei que a luta contra estes grupos terroristas é uma prioridade de seu governo", disse Macron após uma reunião com o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kazimi, antes do encontro de cúpula.
"França e Iraque são aliados chave na luta contra o terrorismo", respondeu o primeiro-ministro iraquiano.
Entre os participantes da reunião estão os ministros iraniano e saudita das Relações Exteriores, o presidente egípcio Abdel Fatah al Sisi, o rei da Jordânia Abdullah II, além do presidente francês. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi convidado, mas sua presença não foi confirmada.
Também foram convidados o primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohammed bin Rashid Al-Maktum, e o chefe de Governo do Kuwait, xeque Sabah Al-Khalid Al-Sabah.
Há quatro anos, o exército iraquiano ainda lutava respaldado por uma coalizão internacional contra o EI, que seria derrotado no fim de 2017.
Agora, as células jihadistas do EI executam ataques pontuais. O último grande atentado reivindicado pelo grupo no país deixou mais 30 mortos em Bagdá em julho.
O EI "ainda dispõe de dezenas de milhões de dólares e, sem dúvida, vai continuar restabelecendo suas redes no Iraque e Síria", afirma Colin Clarke, diretor de pesquisas do Soufan Center, centro de estudos de geopolítica com sede em Nova York.
O presidente Macron, que deseja mostrar que a França ainda tem um papel na região, busca respaldar o Iraque, "um país central, essencial na estabilidade do Oriente Médio", afirmou o governo de Paris.
Em sua viagem de 48 horas ao Iraque, Macron visitará Mossul, símbolo da vitória contra o EI, que controlou a cidade entre 2014 e 2017 e proclamou na localidade o seu califado.
Embora o EI seja um grande inimigo do Talibã, o que aconteceu no Afeganistão pode "estimular" o grupo extremista e motivá-lo a "demonstrar que ainda está muito presente no Iraque", disse Rasha al Aqeedi, pesquisadora do Newlines Institute dos Estados Unidos.