O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse não ver chances de o Brasil ser acometido por mais uma ditadura militar, mas admitiu ter começado a se preocupar com a quantidade de vezes que tem sido questionado sobre a possibilidade de um golpe.
"Tem risco de golpe? Eu gostava de dizer que não, gosto de dizer que não e acho que não. Mas o número de vezes que me perguntam isso começa a me preocupar. Mas não vejo condições para um golpe no Brasil, simplesmente porque não há uma causa para se dar um golpe", pontuou Barroso, nesta quarta-feira (25/8), durante um evento organizado pela XP Investimentos.
O ministro lamentou que o país esteja vivendo um momento de crise institucional, devido a "turbulências artificialmente criadas, mas destacou que o Judiciário e o Legislativo estabeleceram limites e seguem funcionando adequadamente para tentar conter a situação."
"A sociedade brasileira tem um grau de amadurecimento e de inconformismo com a volta às ditaduras que dá muito vigor à nossa democracia e às nossas instituições Nós já percorremos os ciclos do atraso e algumas manifestações pré iluministas que se verificam aqui e ali acho que não são passíveis de desfazerem esse espírito democrático que hoje permeia a sociedade brasileira", observou.
De qualquer forma, Barroso analisou que o Brasil é "um avião de boa qualidade que enfrenta um momento de alguma turbulência e que precisa de habilidade para aterrissar com segurança". "Tenho muita confiança de que isso vai acontecer."
Eleições
O magistrado criticou quem ameaça não aceitar os resultados das eleições, e lembrou que "a democracia é feita de alternância no poder". "Quem está satisfeito vota na situação, quem não está satisfeito vota na oposição. A democracia significa que quem perde hoje, não perde os seus direitos fundamentais e pode tentar ganhar amanhã, e vice-versa", comentou.
"Democracia significa, essencialmente, soberania popular, eleições livres, estado de direito, governo limitado e respeito aos direitos fundamentais. Só pode dizer que não houve ditadura no Brasil quem não conhece um adversário do regime que não tenha sido torturado, quem não conheça um jornalista que não tenha sido censurado ou quem não conheça um professor que não tenha sido cassado. Ditaduras vêm com tortura, censura, cassações. Ninguém deseja a volta desse modelo", acrescentou Barroso.