Pandemia

Empresário cala na CPI após ouvir conversa gravada com servidor

Emanuel Catori, sócio da Balcher Farmacêutica, tem o nome citada nas investigações da Operação Falso Negativo, deflagrada no Distrito Federal. Segundo o senador Izalci Lucas, o depoente tinha acesso privilegiado a servidores públicos

O empresário Emanuel Ramalho Catori, sócio da Balcher Farmacêutica, foi convocado para depor a CPI da Covid no Senado para explicar a negociação da vacina Convidencia com o Ministério da Saúde. Mas o depoente acabou interpelado, também, para tratar do envolvimento da Balcher na Operação Falso Negativo, deflagrada no Distrito Federal.

Segundo o senador Izalci Lucas (PSDB/DF), as investigações indicam que Catori teve contato com servidores públicos envolvidos na Operação Falso Positivo, no Distrito Federal. O empresário negou que vendeu testes de covid para a unidade da Federação. Afirmou que o único item negociado foram máscaras.

“Mesmo com relação às máscaras, o que percebemos, em todos esses processos, é de que havia um acesso a informações privilegiadas. As empresas obtinham informações privilegiadas dos servidores que cuidavam das compras”, revelou Izalci. O sócio da Belcher, primeiramente, negou o acesso e a aproximação com os nomes listados pelo senador. Após ouvir trechos de conversas, as quais foram encontradas nas quebras de sigilo, ele preferiu permanecer em silêncio.

Fraude em testes

A operação Falso Positivo iniciou em julho de 2020 após o Ministério Público do DF receber denúncia de fraude em contratos para compra de testes do coronavírus. Oito ex-gestores da Secretaria de Saúde, entre eles o ex-secretário Francisco Araújo, são suspeitos de favorecer empresas nas licitações. Entre elas, o nome de Emanuel aparece envolvido em coberturas de licitações direcionadas e superfaturadas comprovadas pelo TCU. Mesmo assim Catori continuou afirmando que não tinha conhecimento e depois se manteve calado.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) saiu em defesa do depoente. “O que estamos apurando aqui? Qual é o pano de fundo para empreendermos esforços? Houve uma carta de intenções que não prosperou, sabemos disso”, argumenta. “Não é papel dessa Casa ser censuradora de brasileiros”.

No entanto, Izalci foi enfático ao concluir com o motivo de ter levantado o assunto sobre a operação. “O que se percebe é que as empresas utilizam desses artifícios para que haja superfaturamento e desvio público, porque era a oportunidade que você [Catori] teria para esclarecer de fato o que é o modus operandis da empresa que coordena. Pelas respostas, você confirma”, afirmou.