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Unidos pelo meio ambiente

Governadores aproveitam reunião em Brasília para criar consórcio para defesa dos biomas e se descolarem da gestão do governo federal. Proposta ganhou a adesão porque há a preocupação com o descumprimento das metas previstas no Acordo de Paris

Os governadores reunidos em Brasília, ontem, decidiram criar um consórcio dos estados para que sejam tomadas ações em defesa dos biomas do país e fazer um contraponto à problemática gestão do governo federal para o meio ambiente. A ideia foi aceita pelo Fórum dos Governadores, que pode ser batizado com a marca Brasil Verde ou Green Brazil — por sugestão do governador de São Paulo João Doria.


“Quando sugeri o Brasil Verde ou Green Brazil foi exatamente para termos uma marca forte que diferencie os governadores da política ambiental do país, que é um desastre. Não precisamos nem discorrer sobre isso. E cria um brand, cria uma marca forte para os entendimentos com as instituições internacionais que verão nisso um gesto muito positivo dos governadores na defesa do pacto federativo e na defesa ambiental”, avaliou Doria.


Segundo o governado Renato Casagrande (ES), autor da proposta, “a discussão das questões climáticas vai ter cada vez mais importância. O Brasil tem um potencial muito grande e nós temos uma capacidade grande de fazer uma articulação para captar recursos para os nossos projetos. Queremos fazer uma imagem diferenciada. Hoje a imagem do Brasil é muito ruim”.


Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias a meta do consórcio é cumprir o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas. Isso porque o Brasil registra cada vez mais recordes de desmatamentos: de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Amazônia Legal perdeu 10.476 km² de floresta entre agosto de 2020 e julho de 2021, meses em que se mede a temporada do desmatamento. A taxa é 57% maior do que aquela registrada na temporada passada, além de ser a pior dos últimos 10 anos.


Apenas em julho, o Imazon aponta que foram desmatados 2.095 km² da floresta, uma área maior que a capital de São Paulo, o pior dado para o mês de julho já registrado nesta década. Cerca de 63% do total desmatado ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse.


“O objetivo é ter uma gestão competente, capaz de trabalhar captação de recursos, recursos dos estados, do Brasil, captados dentro e fora do país, do setor privado. Tudo isso para um plano em que o Brasil possa contribuir na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. É o nosso compromisso com o Acordo de Paris”, garantiu Wellington.


Por conta da falta de medidas mais efetivas da parte do governo Bolsonaro para a conservação do meio ambiente, o país tem tudo para não conseguir nem mesmo cumprir a meta — prevista no Acordo de Paris — para a redução do desmatamento na Amazônia. Neste mês, o vice-presidente Hamilton Mourão admitiu que a diminuição do desmate deve ficar na faixa de 4% a 5%, e não em 10%, como calculara. (Colaborou Luana Patriolino)