O caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido por Zé Trovão, um dos alvos da operação da Polícia Federal desta sexta-feira (20/8) que cumpriu mandados de busca e apreensão contra 10 pessoas que organizavam um protesto antidemocrático no 7 de Setembro, foi o responsável por iniciar a mobilização para o ato e fez duras ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na decisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes que autorizou a operação da Polícia Federal, o magistrado apresentou informações coletadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com as ameaças que foram feitas por Zé Trovão à Corte e aos ministros do STF. Em uma das declarações contra o STF, o caminhoneiro defendeu o protesto para “salvar o país dessa carniça podre chamada ministros podres do STF”.
Segundo a PGR, desde julho, quando fez uma transmissão ao vivo pelas redes sociais no dia 11 com o título “Vamos fechar Brasília”, Zé Trovão tem incitado “todos os brasileiros, sem exceção” a irem a Brasília “para fazer um grande acampamento” e exigir “a exoneração dos 11 ministros do STF” e o “julgamento” pelo Superior Tribunal Militar, por conta dos “crimes que eles cometeram”. Ele ainda afirmou que só voltaria para casa com “tudo resolvido”.
Zé Trovão pediu a mobilização de outros caminhoneiros para “fechar o Brasil”. Ele prometeu ainda que convocaria “uma grande equipe” para ficar em “todas as rodovias, paralisando os caminhões”. Além disso, teria negociado com empresários do agronegócio os custos da viagem de populares até Brasília.
Em outra gravação, no dia 13 de julho, o caminhoneiro reforçou as críticas contra o STF e passou a defender a “destituição” dos 11 ministros da Corte. Segundo a PGR, Zé Trovão disse que isso não seria um simples pedido, mas uma determinação ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “A empresa chamada Brasil tem dono, os brasileiros, e quando um dono dá uma ordem, a obrigação dos gerentes e funcionários é cumprir”, ameaçou Zé Trovão.
Além do Supremo, o caminhoneiro fez ameaças a integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, como o presidente Omar Aziz (PSD-AM) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL). Na manifestação que aconteceria no 7 de Setembro, Zé Trovão disse que o objetivo era “partir pra cima” dos dois senadores de modo a “resolver o problema (do aumento) dos combustíveis no Brasil”.
Sérgio Reis
Outro envolvido na mobilização pelo ato contra o STF é o cantor Sérgio Reis. Ele se reuniu com Zé Trovão pela primeira vez em 25 de julho, em um hotel de São Paulo. Aproximadamente 20 pessoas participaram do encontro.
Ao discursar no evento, Sérgio Reis disse que “enquanto o Senado não tomar essa posição, (os manifestantes irão) ficar em Brasília e não (sairão) de lá até isso (afastamento dos ministros do STF) acontecer”.
“Uma semana, 10 dias, um mês e os caras bancando tudo, hotel e tudo, (sem gastar) um tostão. E se, em 30 dias (o Senado não destituir os ministros do Supremo, os manifestantes irão) invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”, acrescentou o artista.
Em outro encontro com Zé Trovão, ocorrido na sede da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, em Brasília, no dia 13 de agosto, Sérgio Reis reforçou a intimidação. De acordo com a PGR, o cantor disse que o grupo de manifestantes vai parar o país por 72 horas e se Pacheco “não fizer nada”, nas outras 72 horas “ninguém anda no país”.
“Vai parar tudo. Não só Brasília, o país. Nada nunca foi igual ao que vai acontecer. Se eles (ministros do STF) não atenderem ao pedido, a cobra vai fumar”, asseverou Sérgio Reis.