A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 passou à condição de investigado o advogado Túlio Silveira, que defende a Precisa Medicamentos, empresa que negociou com o Ministério da Saúde a venda de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin pelo valor de R$ 1,6 bilhão.
Nesta quarta-feira (18/8), Silveira prestou depoimento ao colegiado, mas se recusou a responder à maioria dos questionamentos feitos pelos senadores. Ele compareceu ao colegiado munido de um habeas corpus expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe deu o direito de permanecer em silêncio apenas diante de perguntas que pudessem incriminá-lo. No entanto, ficou calado também sobre questões que não tinham relação com a negociação da Covaxin.
Silveira se recusou a falar sob a alegação de que, por ser advogado, não poderia revelar segredos de que tomou conhecimento em razão do ofício da profissão. Contudo, em nenhum momento comprovou à CPI que foi contratado pela Precisa Medicamentos para prestar serviços como advogado em nome da empresa.
Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) levou esse fato em conta ao decidir transformar Silveira em investigado e também citou o fato de que ele não possuía escritório de advocacia até dois dias antes do contrato firmado entre a empresa indiana Bharat Biotech, que produz a Covaxin, com a Precisa e o Ministério da Saúde.
O parlamentar ainda reprovou o “silêncio constrangedor” do representante da Precisa. “O silêncio da testemunha ecoa indícios de participação em prováveis negociações, suas óbvias ligações com outros investigados, inclusive como ocupante de cargo em comissão no Ministério da Saúde”, disse o senador.