O ministro da Defesa, general Braga Netto, voltou a negar, durante audiência na Câmara, nesta terça-feira (17/8), que tenha enviado ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), por meio de um interlocutor, um aviso de que as eleições de 2022 não aconteceriam sem que o Congresso aprovasse a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.
Braga Netto abordou o assunto durante audiência conjunta de três comissões da Câmara — Fiscalização Financeira e Controle; Relações Exteriores e Defesa Nacional; Trabalho, Administração e Serviço Público.
O ministro foi convidado a prestar esclarecimentos sobre fatos, declarações e notas oficiais do Ministério da Defesa que foram interpretadas pelos parlamentares como ataques ao estado democrático de direito. Em julho, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que Braga Netto, ao lado dos três comandantes militares, enviou, por meio de um interlocutor, uma ameaça à realização das eleições.
Durante a audiência, o general voltou a dizer que não se comunica com outros Poderes por meio de interlocutores. "Reitero que eu não enviei ameaça alguma. Não me comunico com presidentes de Poderes, por intermédio de interlocutores. No mesmo dia, ainda pela manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, confirmou publicamente que não houve esse episódio", disse o ministro da Defesa. "Considero esse assunto resolvido, esclarecido e encerrado", acrescentou. Porém, ao contrário dessa afirmação, Lira não negou nem confirmou a informação publicada no jornal paulista.
Braga Netto também voltou a criticar as declarações feitas pelo presidente da CPI da Covid , Omar Aziz (PSD-AM), segundo as quais "os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo". Segundo afirmou o general, as afirmações do senador são "injustas" e "generalizadoras". Disse ainda que as Forças Armadas não admitem e punem desvios de conduta na tropa.
Desfile
Braga Netto também chamou de "ilação" a denúncia feita pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) de que oficiais do Exército foram a Sergipe com a missão de levantar informações sobre sua vida. O general disse que logo depois do relato do parlamentar conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para esclarecer o caso.
O ministro da Defesa negou ainda que o desfile de blindados e tanques na Esplanada dos Ministérios, realizado na semana passada, tenha sido uma tentativa de intimidar o Congresso, onde, no mesmo dia, a Câmara viria a votar a PEC do voto impresso — a proposta foi rejeitada pelos deputados. Braga Neto afirmou que o desfile militar já estava programado, com bastante antecedência, sem qualquer conotação de ameaça ou de intimidação.