A Justiça manteve a prisão preventiva da ex-deputada federal Flordelis, acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, há cerca de dois anos. Após audiência de custódia, ontem, a ex-parlamentar, que também é pastora, foi transferida para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro, onde também está presa a neta dela, Rayane dos Santos Oliveira, desde agosto do ano passado. Rayane é acusada de participação no assassinato do avô.
Flordelis teve o mandato de deputada cassado na última quarta-feira, por 437 votos a 7. No Conselho de Ética da Câmara, a maioria dos deputados já havia sido favorável ao parecer do relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que reconheceu que a pastora violou o Código de Ética e Decoro Parlamentar. No início da noite de sexta-feira, após decisão da juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, ela foi presa em sua casa, em Niterói (RJ).
Por não ter formação superior, a pastora foi transferida para uma cela comum. De acordo com a advogada da ex-parlamentar, Janira Rocha, não houve qualquer pedido da defesa para que ela ficasse em cela separada das demais detentas. O advogado Rodrigo Faucz, também da defesa de Flordelis, afirmou que a liminar poderá ser analisada amanhã, uma vez que na audiência de custódia “o juiz avaliou apenas se houve alguma irregularidade no cumprimento do mandado de prisão preventiva”. Segundo Faucz, também existe um pedido de habeas corpus, que foi peticionado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia em que Flordelis foi presa.
Para Faucz, a prisão da ex-deputada foi um ato de preconceito e sem respaldo no Código Penal. “A gente acredita que logo a situação será esclarecida, e os direitos e garantias dela serão respeitados. Não é porque é a Flordelis, que deve ser tratada diferente”, ressaltou. “Existe um preconceito muito grande por ser mulher, negra e de favela. Tudo isso acabou desaguando nessa prisão. Não existe requisito no Código Penal de que uma pessoa cassada tenha de ser, necessariamente, presa.”