Em tom de campanha, o presidente Jair Bolsonaro criticou, nesta sexta-feira (13/8), o governo PT e responsabilizou parte dos governadores pela alta da inflação no país. A declaração ocorreu durante cerimônia de entrega de residenciais no Cariri, Ceará. O mandatário fez ainda discurso anti-comunista.
"Aqui na terra de Padre Cícero sempre é bom lembrar: Nós continuamos defendendo a bandeira de Padre Cícero. Sempre ao lado da família, defendendo a propriedade privada, a liberdade, Deus acima de tudo e combatendo o comunismo. A nossa vocação é a liberdade, é a defesa da propriedade privada, é a liberdade de religião, é o direito de ir e vir. Isso é o que temos de mais sagrado no nosso meio", apontou.
Bolsonaro citou indiretamente os governos de Dilma e Lula, ressaltando que o povo deve lutar contra o que chamou da "volta da roubalheira e da corrupção".
"Nós devemos aprender, muitas vezes, com o erro dos outros. E nós sabemos o que aconteceu nos últimos 20 anos com o nosso Brasil. Não queremos a volta da corrupção e da roubalheira em nossa Pátria. Eu citaria apenas um grande desvio que foi o que aconteceu na Petrobras. Em cinco refinarias, o desviado ou enterrado em obras inacabadas, chega na casa de R$ 230 bilhões. Não queremos mais isso para o nosso Brasil. Quando se fala em casa própria, esse recurso daria para construir certamente em torno de 2 milhões de casas próprias para o nosso povo tão sofrido do nosso Brasil", acrescentou.
No reduto nordestino, o chefe do Executivo citou ainda ações que o seu governo tomou durante a pandemia, como o auxílio emergencial. Ele também culpou governadores pela adoção de medidas de restrição visando diminuir o número de infecções em meio à covid-19.
"Isso não tem preço, poder atender os mais humildes, como atendemos no ano passado 68 milhões de pessoas com o auxilio (emergencial). O gasto ano passado com o auxílio equivale a 13 anos de Bolsa Família. E por que fizemos isso? Porque muitos governadores como esse, desse estado (o petista Camilo Santana), que simplesmente mandou fechar comércio, decretou lockdown, confinamento e toque de recolher".
O presidente chamou de ato criminoso as medidas adotadas pelos líderes estaduais. "Esses mais humildes que não tinham renda fixa e não eram servidores públicos foram jogados na vala da quase miséria. Não tinham como sobreviver, muito trabalhavam de manhã para poder se alimentar à noite. Essas medidas, (tomadas) por alguns governadores, entre eles o desse estado, foram, além de impensadas, muito mal recebidas pela população. Mandar ficar em casa sem prover ganho para sua subsistência, isso é mais do que maldade, é um ato criminoso", apontou, reforçando as críticas ao governador Camilo Santana (PT).
Ele repetiu aos cearenses que o Bolsa Família receberá aumento de pelo menos 50%, justificando que a inflação chegou não só no Brasil, mas no mundo todo e disse que a "conta está chegando". "Nessa semana apresentamos duas propostas para o Bolsa Família, de modo que tenha no mínimo o reajuste de 50%. Sabemos que a inflação chegou em nosso país, como chegou no mundo todo. A pandemia desequilibrou a economia e nós tentamos agora, dessa forma, atender aos mais necessitados. Aquela política que governadores adotaram com esse "fique em casa que a economia a gente vê depois", a conta está chegando", disparou.
Gás de cozinha
Bolsonaro também cobrou que os governadores zerem o ICMS do gás de cozinha."Já estamos buscando uma maneira de suavizar o impacto danosos que vem da inflação. Dizer que sabemos muito bem que o gás de cozinha está caro, na ordem de R$ 130. Mas dizer a vocês que nós entregamos na origem um botijão de 13 kg por R$ 45. E eu determinei que desde abril não existe mais imposto federal no gás de cozinha. O preço do gás sai de R$ 45 para R$ 130 baseado em três fatores: o frete, a margem de lucro de quem vende e o ICMS do governador do estado. Se ele pensasse em vocês e nos mais humildes, faria o que eu fiz no imposto federal. É só zerar o ICMS do gás de cozinha. Seria um grande gesto, mas parece que para muitos governadores isso não interessa, interessa apenas a demagogia", continuou.
"Sem campanha"
O mandatário, entretanto, negou que estivesse fazendo campanha. "Não estamos aqui em campanha. Muito pelo contrário, estamos num ato oficial de extrema humanidade para atender aos mais necessitados".
Ainda durante a solenidade, Bolsonaro cumprimentou ministros e deputados presentes, afirmando que "é sempre bom lembrar quem está ao seu lado". Sobre o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, o presidente destacou que ele foi escolhido não apenas pelo critério técnico, mas também "por ser profundo conhecedor" dos problemas da região. Ele afirmou que Marinho tem sido "excepcional" em garantir água para o "nosso Nordeste".
Vaias
O nome do deputado federal Pedro Augusto (PTB-CE) foi vaiado ao ser citado pelo presidente, mas ele o defendeu junto aos apoiadores. "As manifestações vinda do povo são sempre bem-vindas. Dificilmente teremos um político que já não passou por situação antagônicas. Isso serve para redirecionar, muitas vezes, o nosso trabalho. Como disse aqui, raramente vamos encontrar um político que não tenha sido aplaudido ou vaiado, mas faz parte da regra do jogo. A reflexão e o redirecionamento faz parte da humildade de qualquer ser humano", alegou.
Na chegada ao aeroporto local, o presidente cumprimentou apoiadores em meio a aglomeração com apertos de mãos, abraços e selfies. Chegou de máscara, mas retirou em meio aos bolsonaristas.