A Câmara votou, nesta quarta-feira (11/08), por 437 votos a 7 e 12 abstenções, a cassação da deputada Flordelis dos Santos Souza (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo. São necessários os votos de pelo menos 257 deputados para aprovar uma decisão do tipo. Com isso, a parlamentar perdeu o mandato e sua imunidade parlamentar. Ela vinha fazendo uso de tornozeleira eletrônica, desde o ano passado e ficará inelegível por determinação da Lei da Ficha Limpa. Em seu lugar, assume o suplente Jones Moura (PSD). Votaram contra a cassação os deputados federais Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO), Fausto Pinato (PP-SP), Dimas Fabiano (PP-MG), Glauber Braga (PSOL-RJ), Jorge Braz (Republicanos-RJ), Maria Rosas (Republicanos-SP) e Leda Sadala (Avante-AP).
No começo da sessão, Flordelis se disse inocente. "Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente, todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada", apontou. "Quando o tribunal do júri me absolver, porque eu serei absolvida, vocês irão colocar a cabeça no travesseiro e vão se arrepender por condenar alguém que ainda não foi julgada. Vocês estão tentando cassar uma pessoa que não foi julgada", acrescentou.
Ontem, ela tentou entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que o plenário votasse o processo. No entanto, a ministra Cármen Lúcia negou o pedido.
O relator do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, Alexandre Leite (DEM-SP), apontou que houve quebra de decoro parlamentar e que ela usou o mandato para coagir testemunhas e ocultar provas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) chegou a abrir oportunidade para punições mais brandas, como uma suspensão temporária, mas nenhum parlamentar apresentou emenda.
O pastor foi assassinado no dia 16 de junho de 2019 na porta de casa, no Rio de Janeiro. Ela nega ter participação no crime. O casal havia conquistado notoriedade por ter criado 55 filhos, a maioria adotada.
Ela é ré na Justiça e responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.