A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 realizará a acareação entre o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), com data provável para a próxima quarta-feira (18/8). O requerimento foi votado e aprovado às pressas em durante a sessão desta quarta-feira (11), e a realização da oitava foi categorizada como urgente pelas lideranças dos trabalhos.
Sem detalhar o conteúdo que deu motivo para a priorização de um pedido que já estava entre as centenas de requerimentos pendentes de votação, os senadores apenas destacaram que a chegada e a análise de documentos sigilosos, parte deles resultado de quebras, corroboraram para a necessidade de pautar a acareação.
“A decisão é em decorrência da conveniência da investigação. As informações que chegaram à comissão, sobretudo em relação à Precisa e ao material probatório que nós já temos, levou à necessidade urgente de apreciação deste requerimento”, explicou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Os convocados, então, devem ficar frente a frente sustentando suas versões dos fatos, a fim de que a comissão faça os questionamentos necessários e esclareça eventuais contradições entre os depoimentos. Um dos principais pontos a ser elucidado é a questão das invoices, faturas relacionadas à importação da vacina indiana Covaxin.
Segundo o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), o objetivo é confrontar “versões que se exacerbaram, principalmente com relação à utilização de um documento falso para defender a operação da Precisa, a venda de vacinas”, disse, opinando ser este acordo “uma das mais repugnáveis negociatas que tivemos notícia nos últimos anos no Brasil”.
A Precisa, empresa que representava a Bharat Biotech e fabricante do imunizante, é investigada no âmbito da CPI, com destaque à relação do sócio Francisco Maximiano, que comanda outra empresa do mesmo grupo que deve R$ 20 milhões ao governo federal por não honrar contrato com o Ministério da Saúde.
Ponto de partida
Como ponto de partida, a acareação focará na análise de “informações distorcidas sobre data do invoice e, também, contraditórias sobre a falsificação do dado invoice”, detalhou Randolfe. No centro das discussões também estará a repercussão da fatídica coletiva de imprensa de Onyx que, ao lado o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, também alvo da CPI, acusou o deputado Miranda de mentir e falsificar dados para incriminar membros do governo.
A versão diverge da apresentada pelo deputado emedebista e, segundo Randolfe, algumas narrativas apresentadas pelo parlamentar foram confirmadas “a partir de informações que chegaram a CPI, o que reafirma a necessidade de confrontarmos as informações”.
Miranda denunciou a existência de um esquema de fraudes na aquisição de vacinas no Ministério da Saúde, a partir de relatos do irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação da pasta, que relatou ter sofrido pressões anormais para liberar a importação da Covaxin. Onyx, irritado com as declarações, fez um comunicado à imprensa, ocasião em que negou as acusações e irregularidades e ameaçou o parlamentar, afirmando que ele “vai pagar” na Justiça e por ações do próprio governo.