CPI DA COVID

Diretor confirma à CPI aumento de faturamento da Vitamedic em 170%

Jailton Batista falou em depoimento nesta quarta-feira (11/8) sobre produção de ivermectina, medicamento sem eficácia comprovada contra covid-19, no primeiro ano da pandemia. Empresa financiou anúncio de incentivo ao chamado "tratamento precoce"

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quarta-feira (11/8), o diretor executivo da empresa Vitamedic, Jailton Batista, afirmou que o faturamento da empresa em 2020 foi de R$ 540 milhões, e que em 2019 o valor foi R$ 200 milhões — ou seja, um crescimento de 170%. Neste ano, até o mês de julho, o faturamento já chegou a R$ 300 milhões, ultrapassando o valor de todo o ano de 2019, antes da pandemia.

Especificamente em relação à ivermectina, houve um aumento de 29 vezes na venda do medicamento comercializado pela empresa em 2020, em relação ao ano anterior. A empresa entrou no alvo da comissão por ter financiado a propaganda feita pela Associação Médicos pela Vida, publicada nos maiores jornais do país, em fevereiro deste ano, incentivando o chamado “kit covid”, com incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19 em pacientes com a doença.

O depoente confirmou o patrocínio, e disse que o pedido foi feito pela associação. Apesar do incentivo ao uso de medicamentos sem comprovação científica, o CEO afirmou que a empresa não conduziu estudos que indicassem a eficácia da ivermectina para tratamento de pacientes com a doença.

Em fevereiro deste ano, a farmacêutica Merck, inventora da ivermectina, afirmou que não existem dados para apontar a eficácia da medicação contra a covid-19. Um dia depois, a Vitamedic divulgou uma nota dizendo que, desde o início da pandemia, “a ivermectina passou a ser uma das alternativas para tratamento precoce da doença, especialmente quando estudos clínicos in vitro realizados pela University Monash, de Melbourne, Austrália, apontaram a ação antiviral do medicamento”.

A previsão inicial da comissão era ouvir o empresário José Alves Filho, representante da empresa, que já teve sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário quebrados pela comissão. Em ofício enviado à CPI, contudo, ele sugeriu que Jailton fosse ouvido, por entender melhor sobre a administração da empresa, enquanto José Alves saberia falar sobre as questões financeiras.

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