Além dos blindados da Marinha, que Jair Bolsonaro exibirá nesta terça-feira (10/8), como demonstração de força diante do Congresso, o presidente da República e os militares trarão para o centro de Brasília mais casos de covid-19. A reportagem do Correio apurou que está ocorrendo um surto da doença entre os militares acampados para os exercícios da corporação em Formosa (GO) e, segundo a fonte ouvida, oficiais estariam tentando sufocar a informação.
“Alguns militares mais velhos não tomaram vacina por negacionismo, porque Bolsonaro não tomou, e outros, mais novos, não estão na faixa etária em suas regiões. Isso está provocando um surto no campo de treino”, revelou o informante ligado a militares presentes no exercício. Um médico oficial que se contaminou atendendo outros militares e, em vez de ser levado para um hospital, estaria isolado em um centro de instrução da Marinha em Santa Maria.
A fonte relatou vários casos de militares mais jovens contaminados e destacou o risco de o número ser maior, se houverem assintomáticos espalhando a doença. Bolsonaro aproveitou o exercício que ocorre anualmente para promover um desfile fora de época justamente quando parlamentares estiverem votando a proposta de emenda à Constituição (PEC) 135/2019, apelidada de PEC do voto impresso. O ministro da Defesa, o general do Exército Walter Braga Netto acompanhará Bolsonaro no evento.
Ataques ao parlamento
Braga Netto protagonizou, recentemente, dois casos de ataque à democracia. Primeiro, assinou uma nota com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, ameaçando o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM). Posteriormente, conforme revelou o jornal Estado de São Paulo, o general teria enviado emissários ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avisando que caso a PEC do voto impresso não passasse, não haveria eleições em 2022. O militar negou que tenha enviado o recado aos parlamentares, mas poucos acreditaram no desmentido.
A Operação Formosa contará com mais de 2,5 mil homens da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O objetivo é simular uma operação conjunta em terra e água, com mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados, anfíbios e lançadores de mísseis e foguetes. A reportagem questionou a Marinha sobre o número total de casos e o nome do médico levado para Santa Maria, mas ainda não obteve resposta.