Em vídeo enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, a Polícia Federal suprimiu trechos em que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello cita o presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). As imagens se encerram abruptamente, antes que o militar conclua suas declarações.
O material foi enviado por determinação da própria comissão. No relatório por escrito, encaminhado pela corporação à CPI, o trecho cortado no vídeo está registrado. Nele, Pazuello afirmou que ouve verbalmente do presidente Jair Bolsonaro sobre as supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
A PF alega que não houve corte, mas, sim, que o vídeo foi encerrado em razão do encerramento das perguntas feitas ao ex-ministro. No entanto, Pazuello continuou a falar após a gravação ser suspensa. "O alegado corte mencionado pela imprensa ocorreu em razão do término das perguntas pela autoridade policial. As alegações defensivas do depoente, embora não estejam gravadas, foram registradas por escrito e igualmente encaminhadas na íntegra", informa a corporação, em nota.
Ainda de acordo com o texto, será aberto um inquérito para investigar o vazamento dos vídeos. A Polícia Federal afirma que solicitou à comissão que o sigilo fosse preservado. "A PF determinou abertura de investigação para apurar o vazamento dos inquéritos e depoimentos", completa o texto.
A informação de que trechos foram cortados ou não gravados gerou repercussão na CPI. Os senadores viram com estranheza o posicionamento da corporação, inclusive se tratando da decisão de investigar vazamentos, mas não conduzir diligências para avaliar a ausência das imagens.