Após o senador Rogério Carvalho (PT/SE) acusar o ministro da Defesa, Braga Netto, de espionagem, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 enviou um ofício ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), solicitando que o representante da Casa interrogue o militar e tome as providências cabíveis.
A informação foi confirmada pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede/AP). "Ainda nesta tarde, a presidência desta comissão encaminhou ofício ao senhor presidente do Senado Federal pedindo, primeiro, a interpelação do senhor ministro do estado da Defesa e, a partir da interpelação e da confirmação dos gravíssimos fatos aqui relatados, que o Senado Federal tome as providências que couber neste caso".
Mais cedo, Carvalho acusou o ministro de ser o responsável por enviar oficiais das Forças Armadas a Sergipe a fim de coletar dados do senador, com o propósito de coagi-lo. “Eu quero dizer ao senhor Braga Netto, que foi o emissário do oficial do Exército para fazer espionagem contra um parlamentar, um senador da República, que eu não tenho medo, que eu não abrirei mão das minhas convicções. Que eu entrego a minha vida pela causa que eu defendo e que ninguém vai me intimidar”.
Bisbilhotagem
O petista narrou que dois oficiais procuraram amigos dele para "bisbilhotar a minha vida e saber o que poderia ter para usar contra mim", denunciou. O parlamentar disse que foi informado pelo próprio amigo dele, que recebeu um coronel do Exército da reserva e outro oficial da ativa com esse objetivo.
A CPI reagiu à denúncia com o ofício, mas, segundo Randolfe, é necessário separar esse episódio da iminente convocação do ministro. Vários parlamentares querem que o ministro explique o teor de uma nota, assinada em conjunto com os comandantes das três Forças Armadas, com críticas o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). O parlamentar garante que a convocação de Braga Netto, que foi retirada da pauta desta terça-feira (3/8), ainda voltará ao debate.
Para o vice-presidente da CPI, a presença do militar é necessária. Mas nesta terça-feira ainda não havia maioria para aprovar a medida. "O requerimento não está retirado da pauta e não está descartado da CPI. O requerimento está sobrestado", esclareceu Randolfe.
O Correio tentou contato com o Ministério da Defesa. O espaço permanece aberto para atualização.