O presidente Jair Bolsonaro participou neste domingo (01/08), por meio de videoconferência, da manifestação a favor do voto impresso na Esplanada dos Ministérios. O áudio foi reproduzido de um carro de som. Durante a declaração, o mandatário voltou a atacar o sistema eleitoral apontando que as eleições de 2018 estão "recheadas" do que chamou de "indício fortíssimo de manipulação" nas urnas eletrônicas.
"Eu fico muito feliz e orgulhoso em ver o povo brasileiro cada vez mais se inteirando do que acontece no Brasil, como é o jogo do poder, como cada vez mais consegue se identificar aqueles que têm o discurso de democracia apenas da boca para fora. Cada vez mais entender que algumas pessoas aqui no Planalto Central, usando a força do poder, querem a volta daqueles que saquearam o país há pouco tempo, querem a impunidade e a corrupção. Não pode, em nenhum regime democrático, uma pessoa ser aquela dona da verdade e reverberar o que ela quer impor para a sociedade", disparou em indireta ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso.
Bolsonaro completou que "sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição" e repetiu que a população é o seu "exército".
"Nós mais que exigimos, pode ter certeza, juntos, porque vocês são, de fato o meu exército, o nosso exército, fazer com que a vontade popular seja expressada na contagem pública do voto. Nós temos que ter a certeza de que quem você porventura votar, o seu voto vai ser computado para aquela pessoa. As eleições últimas estão recheadas de indício fortíssimo de manipulação. Isso não pode ser admitido por mim e nem por vocês. Nós, juntos, somos a expansão da democracia no Brasil. O nosso entendimento, a minha lealdade ao povo brasileiro, o meu temor a Deus, a nossa união nos libertará da sombra do comunismo e do socialismo", bradou em um vídeo postado pelo assessor da presidência, Max Guilherme Machado de Moura.
O mandatário alegou ainda que "quem fala que a urna é auditada e segura é mentiroso". "É quem não tem amor à democracia, é quem não respeita o seu povo. Essas pessoas tem que reconhecer qual é o seu lugar. Não vou entrar em provocações baratas, eu quero uma forma limpa de realizar eleições. Quem for contra a vontade de vocês que é a contagem pública, que é o voto democrático, está contra a democracia. Nós somos a maioria no Brasil. Nós estamos do lado certo. Nós não vamos esperar acontecer para depois tomar providências. Juntos nós faremos o que tiver que ser necessário para que haja contagem pública dos votos e tenhamos eleições democráticas o ano que vem", continuou.
O presidente destacou que, se necessário, convidará os paulistanos a irem às ruas a favor do voto impresso para dar um "último alerta" a quem é contrário à medida.
"Se preciso for, para dar um último alerta àqueles que não tem respeito para conosco, eu convidarei o povo de SP, a maior capital do Brasil a comparecer à Paulista para que o som deles, a voz do povo, seja ouvida por aqueles que teimam em golpear a nossa democracia. Se o povo lá disser que o voto tem que ser auditado, que a contagem tem que ser pública e que o voto tem que ser impresso na forma como se propõe a PEC da Bia Kicis, tem que ser dessa maneira".
Por fim, ele justificou que a "maioria" da Câmara é favorável ao voto impresso, mas que Barroso tem atuado para derrubar o projeto do governo. "A maioria da Câmara pelo que sei é favorável ao voto impresso. É uma minoria (que é contra) que foi agora escolhida por líderes depois de uma reunião com o Barroso, um ministro que deveria ser o primeiro a estar do lado da transparência das eleições, está exatamente do outro lado", concluiu.
A votação da PEC 135/2019, que institui o voto impresso, foi adiada para este mês, após o término do recesso parlamentar. Caso tivesse ido à votação no final de julho, sofreria total derrota.
Em cima de um trio, participaram do ato ainda a deputada Bia Kicis (PSL-DF), autora do projeto do voto auditável e o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A maioria das faixas erguidas pedia por “voto impresso já” e “contagem pública de votos”. Também houve críticas aos magistrados da Corte, além de pedidos pela soltura do deputado Daniel Silveira, que justificaram estar preso injustamente. Silveira é acusado de ameaçar o Supremo e seus ministros, em um vídeo que publicou na internet. Ele foi preso novamente em junho, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de violar o uso da tornozeleira eletrônica.
A parlamentar alegou que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não podem decidir sobre o modelo de apuração dos votos, pois não receberam "voto de ninguém".
"Respeita o povo, ministro do Supremo e do TSE. Não recebeu voto de ninguém. Não tem que decidir como vai ser a apuração", defendeu.
Minutos depois, Bolsonaro publicou um vídeo onde aparece falando aos manifestantes do ato diretamente do Palácio da Alvorada. Segundo ele, também enviou mensagem para apoiadores que participam em outras capitais, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O chefe do Executivo destacou que às 16h deverá falar para os bolsonaristas que estiverem presentes na Avenida Paulista, em São Paulo.
Em live do último dia 29, o presidente prometeu apresentar provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas. Contudo, durante o evento, ele comentou que "não tinha como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas". Ele foi rebatido pelo Tribunal Superior Eleitoral emitiu nota alertando que o chefe do Executivo propagou notícias falsas na transmissão.