ELEIÇÕES

Senador Alessandro Vieira quer ser a terceira via na disputa pelo Planalto

Senador aproveita a popularidade obtida pela atuação na CPI da Covid e se coloca como pré-candidato ao Planalto pelo Cidadania. Ideia é viabilizar-se como terceira via

» Fernanda Strickland
postado em 31/08/2021 06:00
 (crédito: Divulgação/Senado Federal)
(crédito: Divulgação/Senado Federal)

O senador Alessandro Vieira (SE), líder do Cidadania no Senado e presença constante da CPI da Covid, é o mais novo pré-candidato à Presidência da República, em 2022. Ele se junta ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa e pretende correr pela via do centro e se tornar uma alternativa ao eleitor que rejeita os dois extremos colocados até agora.

Vieira explicou que utilizará na sua pré-campanha o meio digital, por conta das dificuldades da pandemia e da urgência, na sua opinião, sobre o tema. Segundo o Cidadania, a decisão já vinha sendo considerada e ganhou força com o estímulo de políticos próximos e da própria família.

O senador também resolveu lançar o próprio nome por crer que seu partido “está ficando para trás no processo de construção da terceira via e, consequentemente, no engajamento de quadros e possíveis candidatos nas esferas estaduais e federal”.

“É nesse sentido que estou colocando meu nome à disposição do Cidadania como pré-candidato à presidência da República. Essa decisão não é expressão de um desejo particular ou sonho pessoal — sinceramente, não acredito em construções personalistas. Não sou representado pela permanência de Bolsonaro no poder ou pelo retorno de Lula. Sei que milhões de brasileiros têm o mesmo sentimento”, explicou.

Vieira ganhou projeção como um dos mais incisivos da CPI — cujo requerimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), em parceria com o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), obrigou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalar o colegiado. Várias vezes foi elogiado pela assertividade, obtida por uma carreira como delegado da Polícia Civil de Sergipe.

Foi eleito em 2018 na esteira dos movimentos renovação do Congresso e já admitiu ter votado no presidente Jair Bolsonaro — do qual tornou-se severo crítico, sobretudo pela condução da pandemia.

Segundo a senadora Leila Barros (DF), integrante do Cidadania como ele e representa a bancada feminina na CPI, Vieira “é um político sério, correto e defende posições ponderadas e equilibradas. Tem se destacado e demonstrado sua competência na CPI da Covid. É, sem dúvida, um bom nome ,que vejo com bons olhos”.

O deputado Daniel Coelho (PE), correligionário do senador, disse que Vieira é um nome com muita qualidade. “Vida limpa, ilibada e sem rabo preso deviam ser pré-requisitos para todos os candidatos. Alessandro é excelente nome, vida limpa e mandato produtivo.”

Para outro correligionário, o deputado Rubens Bueno (PR), o senador tem todas as credenciais para se tornar uma terceira via. “A população brasileira está cansada dessa disputa entre os extremos, dessa radicalização entre esquerda e direita. Nós, do Cidadania, não podemos nos furtar de apresentar uma alternativa para a sociedade. E temos a certeza que o trabalho apresentado no Senado por Alessandro Vieira o credencia entre os nomes mais fortes para a disputa de 2022.”

Para a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), é importante que a disputa eleitoral tenha candidatos que priorizem a transparência. “Entendo que essa deve ser a diretriz de qualquer postulante à Presidência”, disse.

O Correio procurou o presidente do Cidadania, Roberto Freire, e a senadora Eliziane Gama (MA), correligionária e que, como Vieira, tem se destacado na CPI da Covid, para ouvi-los sobre a candidatura. Mas eles, até o fechamento desta edição, não se manifestaram.

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Denunciado por incitação ao crime

» Tainá Andrade

O ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por incitação ao crime e homofobia. A peça, assinada pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo, foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do ex-parlamentar tem 15 dias para se manifestar. Após o prazo, a Corte decidirá se segue com a acusação.
No documento, a PGR detalha trechos de entrevistas concedidas por Jefferson. Os alvos principais das críticas dele são senadores da CPI da Covid, em especial o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL). O ex-deputado afirmou que eles são “moleques” e deveriam ser retirados do Parlamento “a pescoção”. Em outra entrevista, chamou a população LGBTQIA+ de drogados e traficantes.
A Procuradoria também relata ofensas de Jefferson a ministros do STF. O ex-deputado chamou os magistrados de “cachorrada” e defendeu a destituição de quase todos os ministros, à exceção de Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Jefferson está preso preventivamente, enquadrado no inquérito das milícias digitais, que investiga a incitação a ataques à democracia. Ao determinar a detenção do ex-deputado, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, apontou indícios dos crimes de calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa, denunciação caluniosa, além de delitos previstos na Lei de Segurança Nacional e no Código Eleitoral.

Senadores insistem em ação contra Aras

Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Fabiano Contarato (Rede-ES) recorreram, ontem, da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o arquivamento da notícia-crime contra o procurador-geral da República, Augusto Aras. Na peça, os parlamentares acusavam Aras de cometer crime de prevaricação em relação aos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra os demais Poderes da República.


Segundo os senadores, Moraes deveria ter submetido o pedido ao plenário do Supremo, em vez de decidir sozinho pelo arquivamento. Eles alegam que a decisão do ministro, sob o argumento de que não foram apresentados “indícios suficientes” de omissão por parte de Aras, “antecipa julgamento sobre ausência dos elementos mínimos do tipo penal de prevaricação com relação às condutas e omissões do procurador-geral da República ora questionadas”.


Em sua decisão, Moraes afirmou que o arquivamento não impede o requerimento de nova instauração de inquérito no Supremo, caso surjam elementos que indiquem crimes por parte do PGR. A notícia-crime apresentada pelos senadores dizia que a atuação de Aras é incompatível com a dignidade e o decoro que o cargo exige.


“A notícia-crime apresenta uma série de episódios em que o procurador-geral da República retardou ou deixou de praticar ato de ofício (conduta omissiva) indevidamente para satisfazer um interesse pessoal”, dizem os senadores no recurso apresentado ontem.

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