POLÍCIA FEDERAL

Moraes afasta delegado que investigava suposta interferência de Bolsonaro na PF

Segundo o ministro do STF, Felipe Leal tentou incluir no inquérito decisões tomadas pelo atual diretor-geral da PF, Paulo Mauirino, que não tinham relação com caso envolvendo Bolsonaro

Augusto Fernandes
postado em 27/08/2021 17:13
 (crédito: Nelson Jr./SCO/STF - 11/2/20)
(crédito: Nelson Jr./SCO/STF - 11/2/20)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o delegado da Polícia Federal Felipe Leal do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na corporação.

No ano passado, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro denunciou que o chefe do Executivo queria trocar o comando da PF e da superintendência da corporação no Rio de Janeiro supostamente para evitar investigações da Polícia Federal contra filhos dele.

Em meio à condução do inquérito, segundo Moraes, Felipe Leal tentou incluir à investigação fatos que não estavam relacionados às denúncias apresentadas por Moro, como alguns atos que foram efetivados pelo atual diretor-geral da PF, Paulo Mauirino, que tomou posse em abril deste ano.

O delegado quis, por exemplo, informações sobre a exoneração do ex-superintendente da corporação no Amazonas Alexandre Saraiva, que pediu uma investigação contra o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles após enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra Salles por organização criminosa e favorecimento a madeireiros. Saraiva foi retirado da função também em abril deste ano.

Além disso, de acordo com Moraes, Felipe Leal solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviasse documentos sobre um processo que foi aberto para verificar se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) emitiram relatórios para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) no caso das rachadinhas.

Segundo Moraes, "não há qualquer pertinência entre as novas providências referidas e o objeto da investigação". "As providências determinadas não estão no escopo desta investigação, pois se referem a atos que teriam sido efetivados no comando do DPF Paulo Maiurino, que assumiu a Diretoria-Geral da Polícia Federal em 6/4/2021, ou seja, após os fatos apurados no presente inquérito e sem qualquer relação com o mesmo", constatou Moraes.

Além de afastar Felipe Leal, o ministro determinou que Mauirino escolha um novo delegado para cuidar das investigações.

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