A CPI da Covid detalhou, nesta quinta-feira (26), as ações da Precisa Medicamentos para se beneficiar em contratos com o Ministério da Saúde. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou, em sessão, uma conversa, obtida pela quebra do sigilo, em que mostra os detalhes do passo a passo no esquema que eliminaria as empresas Abbott e a Bahiafarma — vencedoras dos processos licitatórios — para a venda de testes de covid no ano passado.
O esquema foi revelado na sessão de depoimento de José Ricardo Santana, ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os senadores se irritaram com as repetidas evasivas do depoente. “Por orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio”, disse Santana em diversos momentos.
Foi então que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou uma conversa, obtida pela quebra do sigilo, em que apresentava o passo a passo do esquema. A troca de mensagens, ocorrida em 4 de junho de 202, foi encaminhada por Francisco Maximiano, dono da Precisa, para o advogado Marconny Faria, com ordens para seguir a Santana e Bob — que os senadores acreditam ser Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde (Delog). De acordo com as gravações, Dias seria o responsável por fazer a operação.
A Precisa Medicamentos é uma das empresas investigadas na operação Falso Negativo por comercializar de pelo menos 20 mil testes rápidos da marca Livzon – que mundialmente estava sendo devolvido - ao Distrito Federal. À época, apontou também alerta para “um possível esquema criminoso em curso dentro do Ministério da Saúde”, disse Randolfe Rodrigues.
“O depoimento de hoje é importante por isso. Os negócios da Precisa vão muito mais além do que a tentativa de vender vacinas. Quando chegou nas vacinas, já tinha um know how de negócios”, contou o vice-presidente da CPI.
“Na própria história da corrupção do Brasil, que se tem notícia desde o descobrimento dela, talvez seja a primeira vez em que alguém descreve o caminho do crime. É um documento inédito, histórico”, pontuou o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
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