Apesar da tentativa de governadores de buscar uma pacificação do Executivo com o Judiciário, o pedido de reunião com o presidente Jair Bolsonaro, que eles fizeram no início desta semana, não deve ser aceito. O chefe do Planalto não avalia de forma positiva um eventual encontro com os gestores, pois entende que o evento serviria apenas para desgastá-lo ainda mais no cenário político.
Assessores de Bolsonaro dizem que colocá-lo diante de governadores não deve distensionar o clima de instabilidade institucional porque, antes de se desentender com o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente já brigava com os gestores. Desde o início da pandemia, o chefe do Executivo coloca a culpa nos governadores pelo aumento da taxa de desemprego, sob o argumento de que medidas de isolamento social para prevenir a doença, entre as quais o fechamento do comércio, foram as que mais contribuíram para a redução dos postos de trabalho.
Bolsonaro tem empurrado para os gestores, também, a responsabilidade pela disparada dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha. Diante desse panorama, uma reunião com governadores seria pouco profícua, segundo o Planalto, e poderia ter o efeito inverso, intensificando ainda mais o clima de desarmonia.
O fato de gestores se apresentarem como possíveis candidatos à presidência, como João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), também poderia impedir a construção de um consenso, sobretudo por esses governadores rivalizarem com Bolsonaro.
O receio do presidente é de, com a reunião, possibilitar palanque político aos seus adversários. Assim, no fim das contas, estaria tensionando ainda mais o ambiente político e pouco contribuindo para colocar panos quentes na crise institucional.
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