O senador Humberto Costa (PT-PE) considera já haver elementos suficientes para concluir a CPI da Covid. O parlamentar falou durante coletiva de imprensa, após os trabalhos da comissão, que interrogou, nesta quinta-feira (19/8), Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos. “Temos muito material para elaborarmos o relatório. Falta, agora, somente ouvir alguns depoimentos relativos às investigações sobre os hospitais federais do Rio de Janeiro e sobre a VTC Log. Cumprido esse caminho, vamos estar em condição de analisar e votar”, disse.
Segundo o parlamentar, a expectativa é concluir o relatório para votação até, no máximo, 22 de setembro. “O que falta agora é fazermos uma investigação mais profunda sobre a empresa que deu o aval, que é a Fib Bank, que tudo indica que é uma empresa laranja”, destacou Costa.
Segundo Humberto Costa, houve uma clara manobra para vender, de forma superfaturada e em tempo recorde, uma vacina que não tinha ainda registro na Anvisa. “Outro componente importante é a pressão exercida em cima do Ministério da Saúde”, reiterou.
Empresa intermediária
A Precisa Medicamentos atuou como intermediária na venda de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, da indiana Bharat Biotech ao Ministério da Saúde, no valor de R$ 1,6 bilhão. A negociação do contrato se tornou uma das principais linhas de investigação da CPI da Covid, após depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que apontaram pressões atípicas para que o contrato com a empresa fosse assinado — o que aconteceu no dia 25 de fevereiro deste ano. Em julho, o Ministério da Saúde anunciou o cancelamento, após as suspeitas de irregularidades se tornarem públicas.
Nesta quinta-feira, o dono da Precisa Medicamentos chegou à CPI amparado por um habeas corpus, garantindo a ele o direito de não responder perguntas que pudessem incriminá-lo. Logo no início da comissão, o empresário deixou claro que usaria o direito. A postura de permanecer em silêncio durante a maioria das perguntas irritou os parlamentares.
Houve um pedido para que o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), suspendesse a sessão para que o colegiado consultasse o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, sobre qual deve ser o limite para o silêncio do depoente.
No entanto, alguns senadores recomendaram que o depoimento não fosse interrompido e disseram a Aziz que prendesse Maximiano caso ele extrapolasse o direito de não responder a determinadas questões. “Siga as perguntas. Se Vossa Excelência ou se algum senador entender que ele está criando um obstáculo efetivo, avise e parta para aquilo que a gente já fez na CPI”, disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.