PODER

Senadora Leila Barros entra hoje para o Cidadania

Senadora se une a Eliziane Gama e a Alessandro Vieira e aumenta a bancada do partido no Congresso. Razão da saída do PSB seria o incômodo com a guinada da legenda à esquerda

Luana Patriolino
postado em 19/08/2021 06:00 / atualizado em 23/08/2021 15:56
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A senadora Leila Barros (DF) é a mais nova integrante da bancada do Cidadania no Senado — junta-se, a partir de hoje, a Eliziane Gama (MA) e Alessandro Vieira (SE). A saída, porém, gerou uma crise dentro do PSB — pelo qual se elegeu ao Congresso —, que apostou muito na candidatura da ex-craque da seleção brasileira de vôlei feminino. Ao Correio, a legenda afirmou que a atitude da parlamentar reforça a necessidade de fidelidade partidária para os cargos majoritários.

“A desfiliação dela coloca o PSB fora de eventual aliança em torno da candidatura da senadora ao governo (do DF). Ela se tornou uma pessoa politicamente não confiável ao nosso partido. Estaremos daqui para frente em campos opostos”, criticou o PSB, por meio de nota.

De acordo com o partido, a senadora “condicionou ser candidata a receber o teto de recursos para a sua campanha. Ou seja: R$ 3 milhões foi o que o partido gastou. A senadora nunca pagou um centavo de contribuição partidária ao PSB. Por isso mesmo, está sofrendo uma ação de execução de um pouco mais de R$ 100 mil”.

Leila, por sua vez, disse que a posição do partido deixa claro o revanchismo contra ela. “Já estava em campanha para deputada distrital. Rodrigo Rollemberg, candidato à reeleição para governador, me convidou para ser candidata ao Senado. Não fiz qualquer exigência e os R$ 3 milhões a que se referem. Lamento que minha atitude, eminentemente política, provoque esse tipo de reação de um partido com a história e a relevância do PSB”, observou.

Sobre a atuação no Cidadania, a senadora projeta que “poderemos fortalecer a defesa dos interesses dos brasilienses e do povo brasileiro por reformas estruturantes justas, de luta pela democracia e pela urgente superação da pandemia e de suas consequências”.

Discordâncias

A parlamentar anunciou a saída do PSB no mês passado por discordâncias com a guinada do partido à esquerda, ao se aproximar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — prova disso é que, em Pernambuco, a agremiação voltou recentemente a conversar com o PT, depois do desgaste da eleição municipal passada, quando os primos Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB) romperam durante a disputa pela Prefeitura de Recife. Além disso, ela teria ficado incomodada com as estradas do deputado Marcelo Freixo (RJ) e do governador do Maranhão, Flávio Dino, na legenda.

Com a desfiliação, o PSB fica sem representação no Senado e, possivelmente, sem um nome de peso para lançar ao Palácio do Buriti, no ano que vem — o ex-governador Rodrigo Rollemberg anunciou que pretende concorrer a um mandato de deputado federal.

Para o cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a saída de Leila tem um forte impacto para o PSB. “Além de ela ser a única e primeira mulher eleita pelo DF, e pelo partido, era a única cadeira (da agremiação) no Senado. Perdem uma representação relevante”, avaliou.

O advogado Ronan Gomez de Holanda, especialista em direito eleitoral, explica que, atualmente, a legislação não pune parlamentares que, depois de eleitos, desejam mudar de partido. “Não tem consequências graves em cargos majoritários. Aos proporcionais tem efeito por conta da ideia de que o voto de deputados distritais, no caso de Brasília, por exemplo, não são no candidato em si, mas, sim, na ideologia da legenda”, explica.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação