Mesmo presidindo o Instituto Força Brasil (IFB) — que, ao longo da pandemia, organizou várias manifestações que atacaram ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — o tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida declarou, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta terça-feira (10/8), ser a favor do Supremo, “sem dúvida nenhuma”.
A afirmação veio após questionamento do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), que trouxe, em seguida, fotos de publicações do instituto incentivando manifestações em favor da destituição de ministros do STF. Citando o artigo 38 da Constituição Federal, o texto alega ser crime do STF exercer atividade político-partidária.
As publicações traziam fotos de ministros como Luiz Fux, Roberto Barroso e Cármen Lúcia, magistrada que, inclusive, deferiu habeas corpus ao coronel Hélcio, dando-lhe direito de permanecer em silêncio durante depoimento na CPI. A ministra é frequentemente criticada pelo IFB, inclusive em publicação que diz que o STF é “principal pilar da corrupção. Se eles caírem, o resto cai tudo”.
Atendo-se a esse fato, Randolfe alfinetou o depoente: “Ainda bem que ela não caiu, né coronel? Porque isso possibilitou que o senhor se utilizasse do direito ao silêncio”. Diante da declaração do coronel, de ser “a favor do STF”, Randolfe afirmou que houve uma evolução por parte do militar e deixou um recado para os responsáveis por trás de fabricadores de fake news e dos robôs que atacam os trabalhos do Supremo e da CPI.
“Espero que pensem duas vezes antes de pedir o fechamento do STF. Sempre será necessário recorrer a eles, quem sabe, para ter garantia dos direitos constitucionais”, disse, lembrando, em seguida, uma reflexão do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill de que a democracia é o pior dos regimes, salvo todas as outras demais alternativas de modelos já adotados ao longo da história.
“A democracia é um sistema tão completo que possibilita àqueles que atacam o regime se utilizarem dos benefícios dele”, completou Randolfe. Isso porque o coronel foi desobrigado a responder perguntas dos senadores, direito conquistado junto ao STF, e, na maior parte do depoimento, se limitou a repetir: “sobre esse ponto, por orientação de meus advogados, permanecerei em silêncio”.
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