Em depoimento à Polícia Federal, no âmbito de inquérito que apura as suspeitas envolvendo o contrato de compra da vacina Covaxin, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que nunca participou de reuniões no ministério sobre compra de imunizantes contra covid-19. De acordo com o general, todos os contratos passavam pela secretaria-executiva, então ocupada pelo coronel Elcio Franco, mas que ocorriam reuniões com representantes de diversas áreas da pasta para discutir as questões.
O ex-ministro afirmou que não sabe quem eram os representantes de cada área, e que no geral todas participavam. “Todos passaram pela executiva. Além de passar, ficou acertado que todos os assuntos que envolviam vacina seriam tratados de forma centralizada com representantes das (áreas) finalísticas”, afirmou em depoimento obtido pelo Correio. O depoimento gravado tem cerca de 23 minutos, mas é interrompido de forma abrupta, enquanto Pazuello faz suas considerações finais, acrescentando mais informações.
Uma das áreas que participavam dessas reuniões é o Departamento de Logística, então chefiado por Roberto Dias, alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. Questionado especificamente sobre a negociação envolvendo a Covaxin, Pazuello disse que “todas as negociações foram tratadas” pela secretaria-executiva e que “não há variação entre as negociações. A Covaxin é produzida pela laboratório indiano Bharat Biotech, que era representado no Brasil pela empresa Precisa Medicamentos.
“Eu só sei dos assuntos da Precisa que foram trazidos em discussão já dentro do ministério. Não houve ligação de terceiros para falar sobre Precisa, sobre Global…”, afirmou Pazuello. A Global Gestão em Saúde é sócia da Precisa e, há pouco mais de três anos, não honrou um contrato fechado com o governo, causando prejuízo de R$ 20 milhões aos cofres públicos, como já apontado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Invoice
O ex-ministro da Saúde ainda afirmou que soube de suspeitas envolvendo ‘invoices’ (nota fiscal internacional) da Precisa Medicamentos pela imprensa. Em outro depoimento, em inquérito que apura suspeita de prevaricação de Bolsonaro, Pazuello afirmou que o presidente o informou sobre suspeitas da Covaxin e pediu para que ele averiguasse o contrato. Segundo o ex-ministro, o pedido foi feito pessoalmente, de maneira verbal.
Quando Pazuello diz que ficou sabendo pela imprensa, o homem que coleta o seu depoimento comenta: "então tá igual a gente".
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