O ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, coronel Marcelo Blanco revelou durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quarta-feira (4/8), ter sido convidado para trabalhar na VCTLog, empresa de transporte e logística investigada pela comissão por suposto esquema de propina e superfaturamento. A proposta foi feita enquanto Blanco ocupava o cargo do ministério pelo general Roberto Severo Ramos, que é consultor da empresa e já atuou em cargos públicos de confiança.
Segundo Blanco, que presta depoimento à CPI sobretudo pelo envolvimento em suposto esquema de propina envolvendo a negociação da vacina indiana Covaxin, o general Severo teria feito o convite para "quando você sair do ministério". A vaga seria para assumir a coordenação de um braço da operação da VTCLog que seria aberto no Aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro.
O coronel, no entanto, disse que não tinha a pretensão de assumir o cargo. "Eu agradeci a confiança e tudo, fiquei de pensar, mas eu não aceitei por dois motivos basicamente: um é que nunca eu tive a intenção de ficar preso a nada [...]. E segundo porque eu já tinha tratativas familiares, minha esposa já tinha aceitado vir pra Brasília".
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) ressaltou a estranheza da proposta "para assumir o cargo numa empresa que tem contratos com o governo federal e que tem vários aditivos, inclusive alguns deles questionados no Tribunal de Contas da União (TCU)". Acrescentou a isso o fato de o convite ter partido do general Severo, figura que atuou, inclusive, como número dois na Secretaria Executiva da Presidência da República.
A VTCLog é investigada por cobrar aditivos de contratos com o Ministério da Saúde 18 vezes superior ao valor recomendado pelos técnicos da pasta. O deputado Luis Miranda (DEM-DF) denunciou, ainda, que a empresa recorreu ao presidente da Câmara, Ciro Nogueira, ao atual ministro da Casa Civil, Arthur Lira, e ao senador Flávio Bolsonaro para pressionar a pasta a fechar novos contratos no âmbito do transporte de vacinas contra a covid-19.
Ao todo, segundo o Portal da Transparência, a empresa já teve ao menos 26 contratos com o governo federal desde 2009. Desses, 16 foram com a Saúde, sendo cinco firmados até 2013 e o restante, até o ano passado.
Diante das suspeitas, a VTCLog emitiu nota afirmando atuar “em conformidade com a legislação em vigor e com a máxima transparência”. “Tanto que o Tribunal de Contas da União certifica que a VTCLog não consta de nenhuma relação de empresas inidôneas junto à administração pública”, frisou.
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