O presidente da República, Jair Bolsonaro, consta como diretor presidente de uma ONG norte-americana ligada a Roberto Cohen, apontado como parceiro do reverendo Amilton de Paula. Durante depoimento dessa terça-feira (3/8) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, o religioso confirmou conhecer Cohen, mas disse desconhecer detalhes da referida entidade, nomeada como Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas.
A ONG foi registrada em Miami em 30 de outubro de 2020, durante a pandemia. Enquanto Cohen aparece como secretário, Bolsonaro está como presidente-diretor e o vice-presidente Hamilton Mourão, como vice-diretor.
Os documentos em que constam a relação dos nomes foram revelados pela Agência Sportlight, após a entidade ser mencionada na CPI da Covid. A Missão se denomina "uma organização diplomática, humanitária, com missão de paz, militar, organização intergovernamental e nonprofit", ou seja, sem fins lucrativos.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) trouxe a denúncia de que a ONG faz uso indevido de nome, brasão e informações de instituições oficiais para forjar credibilidade. "Nós estamos diante de falsários e estelionatários que tentam enganar incautos na administração pública e/ou beneficiar espertos e oportunistas", disse o parlamentar, completando que o governo federal tem obrigação de checar a entidade "porque tem aqui a logomarca do Pátria Amada, o Brasão da República, o gov.br e o endereço no mesmo endereço do Ministério da Defesa".
O reverendo Amilton afirmou conhecer Cohen e disse ser normal que líderes ligados a outras entidades com fins humanitários se coloquem "à disposição para fazer parcerias". Por outro lado, negou ter conhecimento a respeito da Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas.
O Correio acionou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República e da Vice-Presidência para questionar se os nomes de Bolsonaro e de Mourão foram ligados à entidade de forma consentida e legal, mas não obteve resposta até a última atualização.
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