CPI DA COVID

Blanco diz em CPI nunca ter pedido comissão ou vantagem à Davati

Em depoimento, Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, contou que Dominghetti afirmou que pedido de "comissionamento" teria partido do "grupo do tenente-coronel Blanco"

Sarah Teófilo
postado em 04/08/2021 16:24 / atualizado em 04/08/2021 16:27
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O ex-assessor de Logística do Ministério da Saúde tenente-coronel Marcelo Blanco disse em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quarta-feira (4/8), que nunca fez qualquer pedido de comissionamento ou de vantagem no âmbito das negociações de vacinas promovidas pela empresa americana Davati Medical Supply, nas figuras do representante Cristiano Carvalho e do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) Luiz Paulo Dominghetti, apontado como vendedor autônomo de imunizantes. “Isso daí é absolutamente desconectado da realidade”, afirmou.

O caso Davati passou a ser foco da CPI depois que Dominghetti denunciou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor de Logística Roberto Dias, no dia 25 de fevereiro, ao tentar vender 400 milhões de doses de vacina ao Ministério da Saúde.

À CPI, Cristiano Carvalho confirmou que Dominghetti falou sobre pedido de propina, chamando-o de “comissionamento”. Além disso, afirmou que o referido pedido teria partido do “grupo do tenente-coronel Blanco”. "Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado a Blanco, que é de nome Odilon", afirmou.

Durante a sessão desta quarta-feira, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) exibiu vídeo do depoimento de Cristiano, quando ele falou que não foi acertado nenhum tipo de comissionamento pela Davati. Segundo Carvalho, Blanco ligou perguntando qual seria o comissionamento da Davati, e em seguida afirmou em mensagem de texto que iria falar com Roberto Dias.

“Ao longo desse mês, ou desse período, eu tomei conhecimento porque ele me passava três propostas que eles diziam estar enviando para o ministério. Eu jamais fui atrás pra, de fato, saber se as propostas estavam lá. Uma inicial de US$ 3,97; uma depois de US$ 3,50; e essa última de US$ 17,50. Nesse dia que ele sugere isso daí, ele envia uma mensagem no início ali da manhã, final da madrugada, onde ele coloca que enviou à FCO (oferta), e ele desconectadamente inclui no texto da mensagem essa questão de comissionamento, sem eu jamais ter tratado disso daí com ele”, afirmou Blanco.

Blanco afirmou que essa mensagem trocada entre ele e Carvalho ocorreu no dia 9 de março. “Já existia um desgaste muito grande. Eu, nessa época, várias vezes que eles me pediam pra verificar se o documento estava parado lá ou não, eu falava que ia olhar, mas nem olhava, porque isso estava extremamente desgastante. Provavelmente, esse também foi um que eu falei: ‘Ah, está bom. Eu vou lá, vou olhar’, e não olhei nada. Nunca tratei nada desse tipo com o Cristiano, com o Dominghetti”, relatou.

O tenente-coronel Blanco ainda disse que não houve pedido de propina por parte de Dias, ao menos enquanto lá estava. Ele afirmou que mesmo após sair da pasta, mantinha relação amistosa com o ex-diretor de Logística.

“Boa alma”

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Blanco é uma “boa alma”. “Se colocou à disposição, sem conhecer, sem saber quem era a pessoa, de apresentar o Roberto Dias. Sem ter benefício nenhum sobre isso?”, questionou. Blanco respondeu: “Nenhum. Eu só orientei”.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação